Aceitos, e agora?

Resultado de imagem para aceitaçãoEm meio a tantas opiniões, uma expressão muito repetida é aceitação. Em quase todos os discursos que tratam sobre confronto de ideologias, essa palavra é usada como princípio universal para a solução dos problemas. E quando se trata de cristianismo, é, em geral, o argumento mais usado por todos, cristãos e não cristãos, para, segundo eles, mostrar que aceitação é a verdadeira prática do amor. Porém, há outros que entendem que a aceitação generalizada, significa uma harmonização com as práticas divergentes. É nesse contexto, que eu gostaria de convidá-los a refletir um pouco sobre a ideia de aceitação sob o ponto de vista do cristianismo.

Para orientar nossos pensamentos, gostaria de começar com uma primeira pergunta: Quem é aceito por Deus? Todos! A Bíblia é bem clara ao declarar em Jo 3:16 que sobre todo o mundo foi derramado o amor de Deus. Sendo assim, todos já foram aceitos por Deus. Essa declaração fica mais clara ao observarmos os atos de Jesus ao lidar com pecadores. Sua aceitação das mais diversas classes de pessoas foi tão evidente que provocou a ira dos fariseus. Deus, por ser amor, em sua própria essência reside a completa aceitação de todos. A todos é oportunizado desfrutar de seu amor. O seu amor, ou seja, sua natureza, é a certeza de que fomos aceitos, seja quem formos, ou onde estivermos.

Portanto, podemos compreender um dos pilares da mensagem que deve ser dada por todos os cristãos ao mundo: Deus te ama, por isso Deus te aceita! E sempre te aceitará! Pois, todo o seu ser e toda sua majestade consistem em amor, o mais profundo e sólido amor. Nesse sentido, nunca podemos fugir do amor de Deus. Quais quer que sejam suas ações, nada te afastará do amor de Deus! Essa é a mais importante mensagem a ser disseminada.

É com essa visão que a ideia de aceitação precisa ser ampliada, se quisermos ser honestos.   Bem, já está claro que não somos nós que devemos buscar a aceitação de Deus, isso ele já fez, antes de existirmos. Agora é Deus que esta constantemente buscando a nossa aceitação. É nesse momento que surge a questão mais importante: Estamos dispostos a aceitá-lo como ele é? Aceitá-lo da forma como ele se apresenta, como nosso Criador, como nosso Senhor, como aquele que sabe o que é melhor para nós? Se formos sinceros, precisamos aplicar aceitação que tanto exigimos de Deus a nós mesmos. Mas pensemos bem, aceitar a Deus significa aceitar o ser que tem todo o poder para criar o universo, e que coloca este poder ao exercício de seu amor por cada um de nós. Mas aceitá-lo também é receber um amor que te convida a amá-lo acima de tudo. Mas isto não seria uma exigência grande demais? Não, se entendermos que tudo o que ele quer é que sejamos felizes, e que tudo que fará está direcionado a nos conduzir a uma felicidade que nunca imaginamos que pudesse existir.

É isso o que significa aceitá-lo. Mas aceitá-lo sem impor condições, assim como somos aceitos por ele, é vivermos ao lado de alguém que sabe, muito melhor do que nós, como funcionamos, para que existimos e o que é melhor para nós. E somente através de sua palavra é que somos orientados acerca da maneira correta de desfrutar dessa nova relação. Ele mesmo declara em Jo14:15 que quem o ama, ou seja, aceita, guarda os seus mandamentos, pois aceitar a Deus é aceitar sua natureza e sabedoria e nos relacionar com ele como tal. Ou seja, após nossa aceitação de Deus, é ele quem determinará como viveremos, pois só ele tem real conhecimento de quem somos o do que precisamos. Qualquer coisa menos que isso não é aceitação. Estamos dispostos a exigir a aplicação do conceito de aceitação em sua plenitude? Caso sim, venha e desfrute!

R. Christ

Poesia: Ele (por Assad Bechara)

Ele

Ele é a música que inspira os meus versos,

as frases do meu louvor,

a Letra que rege a minha composição.

É Ele quem solfeja as minhas partituras

e orquestra as minhas dissonâncias.

Ele é o Compasso da minha respiração…

O Sopro do Cenáculo é o meu alento,

o Diapasão das minhas notas.

Ele é a Rima da minha poesia,

a alma das minhas palavras,

e o Dicionário dos meus silêncios…

Ele é o Amazonas Infinito

dos meus igarapés,

a completude oceânica das minhas gotas.

Ele controla os mares encrespados

e ouve o grito abafado perdido entre vagas e procelas.

O Senhor das Ondas

navega acima faz minhas tempestades

e me guia  nas planícies do Oceano Pacífico…

Ele é o Farol das minhas sombras.

O Gentilíssimo não Se afasta das minhas emergências…

A Ternura Compassiva sonda os meus crepúsculos

e quando densas sombras me envolvem.

Quando as minhas folhas se murcham

e as pétalas estão secas,

Ele me hidrata com a suavidade do orvalho.

Ele é o ribeiro cristalino que percorre

os meus desertos,

a Sombra da Palmeira no ardente zênite das dunas.

Ele é a Água de Vida para os lábios sedentos…

A doce Tâmara que me revigora na jornada…

O médico dos médicos é o ritmo da minha respiração,

o Bálsamo da minha dor,

a cura dos meus impossíveis…

Ele não me deixa

na profundidade desconhecida dos vales…

Ele nunca me perdeu de vista

mesmo quando estive longe…

Ele quem me resgata das minhas tangências

e dos meus extravios…

O Regente das Galáxias me ama

e não abandona este ínfimo grão de areia…

O Matemático do Universo

sabe calcular os meus algarismos intrincados

e arruma as minhas órbitas…

O Algebrista Divino conhece as minhas rotações

e as minhas geometrias…

Ele sabe as curvas do meu voo.

Porque nem altura nem profundidade

nem longitude nem latitude,

nada poderá me separar do

grande amor de Deus.

 

Assad Bechara

Surpreendendo-se com o ato de pensar!

De um tempo para cá, tenho me interessado em aprender o máximo que posso sobre os processos mentais e, especialmente, sua relação com a forma como Deus realiza nossa salvação, ou cura, como prefiro chamar. Seguindo essa motivação, ao estar passeando em sites de livrarias virtuais, pela natureza das buscas que fazia, o site me sugeriu um livro com um título, no mínimo, inusitado: Pense. Para mim, seria até compreensível que esse livro se chamasse Pensar ou O Pensar, pois isso me sugeriria a ideia de se tratar de um estudo sobre o significado do pensar sob a perspectiva acadêmica, científica, filosófica, etc. Mas Pense é um imperativo; um título que ordena que pensemos, escrito por um famoso pastor, conhecido por sua mente sagaz. É claro que isso me chamou a atenção. Além disso, o subtítulo continua a instigar: “A vida da mente e o amor de Deus.” Pronto! Eu tinha que ler esse livro, pois, até então, apenas o livro Simples Demais, de Timoty Jennigns, da Casa Publicadora Brasileira, havia apresentado uma proposta de descrever o amor como um mecanismo racional e não como um sentimento ou desejo incontrolável.

A proposta de Pense é delineada logo no início: “O alvo deste livro é estimular o pensar sério, fiel e humilde que leva ao verdadeiro conhecimento de Deus, que, por sua vez, nos leva a amá-Lo, o que transborda em amor aos outros” (p. 32). Portanto, não se trata de ensinar a pensar, mas de apresentar o exercício da reflexão séria como o caminho para descobrir o amor a Deus e ao próximo. Para mim, que tenho lido alguns textos escritos por especialistas, filósofos, cientistas e educadores sobre a importância do pensar profundo e sólido, é estimulante ler o que um pastor já bem conhecido diz sobre a importância desse processo para o nosso cristianismo. Outro fato que me chamou a atenção foi o autor esclarecer que a proposta do livro não é ser um texto técnico, como alguns já escritos, mas uma reflexão, escrita por um pastor, ancorada na Bíblia sobre a importância do pensar sério para nossa comunhão com Deus. Seguindo essa ideia, o pastor Piper utiliza em toda a sua escrita a Bíblia como fundamentação principal para suas afirmações.

Em uma época na qual a experiência com o transcendental costuma ser traduzida por meio do nível da sensação emocional causada, não deixa de surpreender que um pastor tenha escrito um livro sobre a importância do pensar para sua comunhão com Deus. Entretanto, sendo um pastor com graduação em literatura, especialização em filosofia e doutorado na Alemanha em Teologia, com dezenas de livros publicados, não é de se estranhar que tenha desenvolvido uma visão especial acerca do valor do pensar para sua intimidade com Deus. Mais interessante do que a proposta inicial desse livro é acompanhar o desenvolvimento com o qual suas ideias são apresentadas. Incialmente, o autor resume seu objetivo afirmando que “este livro é um apelo a adotarmos o pensar sério como um meio de amar a Deus e as pessoas. É um apelo a rejeitar o pensar do tipo ‘ou-ou’ no que diz respeito à mente e ao coração, a pensar e a sentir, à razão e à fé, à teologia e à doxologia, ao esforço, ao esforço mental e ao ministério de amor. É um apelo a que vejamos o pensar como um meio que Deus ordenou para O conhecermos. Pensar é um dos meios mais importantes de colocarmos o combustível no fogo da adoração a Deus e do serviço ao mundo” (p. 23). Portanto, não se trata de um livro técnico ou histórico, ou uma análise exegética profunda a respeito do valor do pensar na adoração, mas, antes, trata-se de um livro que nos convida a transformar nossa adoração pela inclusão do exercício da reflexão séria e profunda sobre a verdade divina. Esse é o alvo devocional, de onde se parte do exercício sério da reflexão até a experiência de comunhão ampliada.

Após apresentar sua proposta principal, o autor se preocupa em esclarecer a posição do pensar como um meio para atingir algo maior e mais sublime, e não como o foco principal, a intimidade e o conhecimento de Deus. “Pensar é indispensável no caminho do amor a Deus. Pensar não é um fim em si mesmo. Nada, exceto Deus, é um fim em si mesmo. Pensar não é o alvo da vida. Pensar, como o não pensar, pode ser o alicerce para a vanglória. Pensar sem orar, sem o Espírito Santo, sem obediência e sem amor ensoberbecerá e destruirá (1Co 8:1). Mas o pensar em submissão à poderosa mão de Deus; o pensar saturado de oração; o pensar guiado pelo Espírito Santo; o pensar vinculado à Bíblia; o pensar em busca de mais razões para louvar e proclamar as glórias de Deus; o pensar a serviço do amor – esse pensar é indispensável em uma vida de pleno louvor a Deus.” Portanto, a tese principal é a de que o fim de todo o processo é o conhecimento verdadeiro e profundo de Deus, que não se trata de mera recepção de informações, mas é o resultado de um pensar sério e profundo sobre Suas ações.

É com uma nova proposta do significado do pensar a respeito da verdade divina que o autor se preocupa também em redesenhar a correta postura da leitura. O ato de ler assume então uma posição de atividade e não de passividade. “Ler é pensar!” Essa tese visa a conceituar uma nova abordagem da leitura do texto sagrado. A verdade é como o ouro escondido nas minas: precisa-se de esforço, pensar sério para ser extraído, e de ainda mais reflexão para ser utilizado. Portanto, a verdade, que é revelada por Deus, precisa ser escavada da maneira correta; se não for assim, não obteremos suas riquezas em plenitude.

Outra observação marcante é a de que esse livro não trata de uma defesa do pensar acadêmico. O processo nele apresentado é um pensar sério e acessível a todos, e, portanto, não restrito a uma classe mais capacitada da sociedade. Dessa forma, esclarece Piper, não há qualquer supremacia de uma mente acadêmica sobre outras. Um escritor, cientista ou filósofo não serão melhores ou possuirão melhor relacionamento com Deus por terem o hábito de pensar com profundidade e solidez. O que confere o verdadeiro poder ao exercício de reflexão é a presença do elemento espiritual, o Espírito Santo, argumenta Piper. A ideia é que precisamos desenvolver o ato de pensar para que sejamos capazes de contemplar a Deus.

Seguindo sua proposta de reposicionar o ato de pensar de forma séria no contexto de nossa comunhão com Deus, o pastor Piper analisa um dos conceitos – senão o conceito mais importante: o amor a Deus. Para o escritor, o amor a Deus se expressa mais fundamentalmente na maneira com a qual pensamos. “Nosso pensar deve ser totalmente engajado em fazer tudo o que for possível para despertar e expressar a plenitude de valorizar a Deus acima de todas as coisas” (p. 120). Entretanto, ao longo da leitura desse capítulo, achei um pouco confusa a forma de definir a dinâmica entre as afeições e os pensamentos no processo de amar a Deus. Haveria ainda muito a explorar nessa temática tão fundamental.

O livro segue abordando duas objeções fundamentais à tese defendida pelo autor: o relativismo e o anti-intelectualismo cristão. A primeira é abordada com base nos episódios em que Jesus lidou com relativistas (Mt 21:23-27), demonstrando que Ele nunca aceitou uma visão de mundo que, especialmente por comodidade, se eximisse de assumir uma verdade. O próprio Jesus, explicitamente, apresentava uma compreensão absoluta do conceito de verdade, declarando Ele mesmo ser a verdade (Jo 14:6). Além dessa abordagem, no que diz respeito ao relativismo, o autor expõe diversos problemas morais disfarçados nessa ideologia, como o orgulho e a dissimulação. Uma citação apresentada no livro me chamou a atenção, pois trata do perigo do relativismo:

“Faz pouca diferença muito ou quão pouco dos credos da igreja o pastor modernista afirma… Por exemplo, ele pode afirmar cada título e cada artigo da Confissão de Westminster, mas, apesar disso, estar separado, por um grande abismo, da Fé Reformada. O fato não é que uma é negada e o resto, afirmado; mas tudo é negado, porque tudo é afirmado apenas como útil e simbólico, e não como verdadeiro” (J. Gresham Marchen, What is Faith? Edinburg: Banner of Truth, 1991 p. 34).

Quanto ao problema do anti-intelectualismo cristão, o pastor Piper adverte como compreensões equivocadas do texto sagrado têm afastado os cristãos de um compromisso com Deus mais racional e fundamentado. Em outro momento, ele demonstra a ausência de alternativa para uma plena comunhão com Deus que se abstenha do pensar: “O problema daqueles que menosprezam o dom de pensar como um meio de conhecer a Deus é que eles não definem claramente qual é a alternativa. A razão é que não há uma alternativa. Se abandonamos o pensar, abandonamos a Bíblia. E, se abandonamos a Bíblia, abandonamos a Deus” (p. 175). Dessa forma, os discursos anti-intelectualistas conduzem os cristãos a um relacionamento com Deus insólito e nebuloso, e por isso incerto e inseguro.

Como fim desta breve análise, gostaria de comentar a respeito da parte mais profunda e impactante de todo o livro. Aquela que me ajudou a reposicionar o objetivo e o fundamento de toda a minha pesquisa acadêmica e a recuperar a razão pela qual os grandes pais da ciência iniciaram e desenvolveram esse empreendimento: a glória de Deus. O pastor Piper explica que a tarefa de toda erudição é a glória de Deus, e qualquer desvio desse propósito está corrompido por natureza:

“Portanto, a tarefa de toda erudição cristã – não apenas estudos bíblicos – consiste em estudar a realidade como uma manifestação da glória de Deus, escrever e falar com exatidão sobre a realidade, desfrutar a beleza de Deus nela e torná-la serva do bem do ser humano. Há uma abdicação da erudição quando os cristãos fazem trabalho acadêmico com pouca referência a Deus. Se todo o universo e tudo o que há nele existem pelo desígnio de um Deus infinito e pessoal para tornar conhecida e amada a Sua multiforme glória, portanto, tratar de qualquer assunto sem referência à glória de Deus não é erudição, é insurreição” (p. 239).

Como cientista cristão, ler esse livro me ajudou a resgatar a primitiva – em referência aos fundadores da ciência – razão de fazer ciência. E também me permitiu compreender que a forma – no que diz respeito ao pensar sério – de produzir e pensar a ciência não pode ser diferente daquela forma com a qual construímos nossa comunhão com Deus. O pensar sério e profundo deve ser o fundamento sobre o qual todo cristão, acadêmico ou não, deve construir sua relação com o Criador.

Editado por Michelson Borges

Apresentando o cristianismo em toda a sua grandeza

Ele, um jornalista criminalista formado em direito na universidade de Chicago, ao saber da conversão de sua esposa ao cristianismo, decide usar toda a sua habilidade de investigação para esclarecer quão frágil e mentirosa é essa nova visão de mundo de sua esposa. Porém, após viajar e entrevistar diversos pensadores, entre escritores, cientistas e professores, e testemunhar o efeito positivo dessa crença sobre a personalidade de sua esposa, só lhe resta aceitar, e não somente aceitar, mas abraçar essa fé cristã. Desde então, passou a defendê-la nos círculos intelectuais mais exigentes. Seu nome é Lee Strobel, autor de dois livros famosos sobre defesa da fé: Em Defesa da Fé e Em Defesa de Cristo.

Professor de literatura na universidade de Oxford, ateu convicto até a vida adulta, quando, depois de ser apresentado à fé cristã por colegas professores e livros sobre a fé cristã, especialmente os de G. K. Chesterton, se converteu e passou a difundir o cristianismo nos meios acadêmicos e por meio de seus livros, como Cristianismo Puro e SimplesO Problema do Sofrimento, etc.

Um psiquiatra reconhecido, autor de uma teoria sobre formação de pensamentos chamada Inteligência Multifocal e ateu convicto, ao se propor a fazer uma análise psicológica sobre a inteligência de Jesus, compreende que o Mestre era muito mais do que um homem comum e resolve aceitar a fé cristã e apresentá-la aos outros. Augusto Cury, ao finalizar sua pesquisa, escreve a série de livros que o tornariam uma celebridade no meio acadêmico e popular: Análise da Inteligência de Cristo.

Lee Strobel, C. S. Lewis e Augusto Cury não são melhores que todos os outros ateus e não ateus que se converteram à fé cristã, porém, eles representam uma classe diferenciada de pessoas. Aquelas cujo grau de exigência para a aceitação de uma nova ideia é muito mais rigoroso e, por isso, carente de uma argumentação mais lógica e profunda e de um conjunto de informações mais amplo.

Para reconhecer que o cristianismo era digno de sua atenção e, mais do que isso, de seu reconhecimento de validade, foi necessário que a doutrina de Jesus demonstrasse que era capaz de atender a seus anseios e de dar uma interpretação da realidade muito melhor do que aquelas que lhes foram apresentadas nos meios acadêmicos. Mesmo que isso não confira ao cristianismo o status de verdade, já é uma evidência de seu poder em satisfazer critérios exigentes de mentes rigorosas.

O cristianismo não é um conjunto de práticas religiosas que atraem mentes fracas o suficiente para se deixar ser convencidas por falácias contadas há mais de dois mil anos, mas é a VERDADE, e nunca deixou de atender àqueles que, sinceramente, a buscam. Como disse Francis Schaeffer em um discurso na universidade de Notre Dame, em 1981, “o cristianismo não é uma série de verdades no plural, mas é a Verdade escrita com V maiúsculo. É a Verdade sobre a realidade total, não apenas sobre assuntos religiosos. O cristianismo bíblico é a Verdade concernente à realidade total; é a propriedade intelectual dessa Verdade total, e então vive segundo essa Verdade”.

Casos como os desses pensadores nos alertam para a necessidade de uma difusão da fé cristã mais pautada no rigor lógico, que trate dos anseios tanto físicos quanto intelectuais, de dar uma significação ao mundo no qual estamos inseridos, que faça sentido, que tenha valor e apresente um propósito para nossa existência. Pois é por serem apresentados a um cristianismo mais semelhante a um conto de fadas, desprovido de contato com a realidade, que muitos não têm resistido no caminho da fé cristã e outros não têm atendido ao convite para o aceitarem.

Esse problema é bem expresso por Willian Craig, possuidor de dois doutorados em prestigiosas universidades, em Filosofia e Teologia, em seu livro Ensaios Apologéticos: “O cristianismo está reduzido a apenas uma voz em meio a uma cacofonia de mensagens competidoras, nenhuma das quais objetivamente verdadeira.”

Há uma classe de pessoas no interior das universidades que tem sido abandonada a sofrer com os ataques de pessoas secularizadas que não apenas compartilham da fé cristã mas têm uma verdadeira aversão a ela. E nós, como aqueles que buscam seguir o conselho bíblico do apóstolo Pedro, contido em I Pe 3:15, temos o desafio: “Entreguem-se aos cuidados de Cristo, seu Senhor, e se alguém perguntar acerca da esperança que vocês têm, estejam preparados para contar-lhe, e façam-no de uma maneira amável e respeitosa.”

Ou de Paulo, em 2 Coríntios 10:4, 5: “As armas que usamos não são humanas; ao contrário, são poderosas armas de Deus para derrubar fortalezas. Essas armas podem derrubar todo argumento e pretensão contra o conhecimento de Deus. Com essas armas podemos dominar todo pensamento humano para torná-lo obediente a Cristo. E usaremos tais armas contra todo ato de desobediência, quando estivermos completamente obedientes a Deus.”

Ou ainda de Paulo, em Tito 1:9: “Sua crença na verdade que lhes foi ensinada deve ser forte e firme, a fim de que possam ensiná-la aos outros e mostrar aos que discordam deles onde é que estão errados.”

Precisamos nos preparar e formar os jovens que enfrentarão essa batalha de ideias postados na trincheira onde os ataques são mais violentos.

Além do fortalecimento intelectual de cristão e de sua capacitação para o ensino da Palavra, outra razão deve nos motivar a levantar a voz e apresentar um cristianismo intelectualmente forte e capaz de responder aos nossos principais anseios: é que as ideias construídas nos meios acadêmicos acabam por forjar a cultura das gerações seguintes. Portanto, dependendo de como o cristianismo for tratado na academia, o ambiente no qual a mensagem cristã será ouvida pelas futuras gerações será mais ou menos favorável à sua aceitação. Essa motivação é bem descrita por William Craig, em Ensaios Apologéticos, página 25:

“A tarefa maior da apologética cristã é auxiliar na criação e sustentação de um meio cultural no qual o evangelho possa ser ouvido como uma opção intelectualmente viável para homens e mulheres que valorizam a razão. É plenamente aceitável, portanto, que a apologética consistente é um ingrediente necessário para o desenvolvimento de um meio no qual a evangelização possa ser feita de maneira mais eficiente, na sociedade contemporânea e nas demais sociedades por ela influenciadas.”

Por essas razões, devemos buscar uma atividade mais proativa no sentido de nos preparar e ajudar a outros a falar e viver com coerência a fé cristã.

Editado por Michelson Borges

Ideias que respaldam ações

Muitos exemplos de maus cristãos, na verdade, cristãos que agiram ou, supondo seguir sua fé ou conscientes de estar praticando algum erro, são expostos pela mídia popular, levantando, assim, muitas dúvidas a respeito do cristianismo. Nesse momento, muitas vozes reverberam a máxima de que a religião, em especial o cristianismo, não possui qualquer status de verdade, pois seus seguidores são capazes de realizar atos vergonhosos e até criminosos. Mas essas acusações realmente representam argumentos reais contra o cristianismo? Ou seja, o comportamento de indivíduos pertencentes à determinada comunidade atesta que os princípios defendidos por ela são inválidos? A questão pode ser mais bem compreendida se posta por meio de exemplos. Se o raciocínio descrito anteriormente for verdadeiro, seria o mesmo que condenar toda a medicina pelos experimentos cruéis e desumanos cometidos pelo médico Dr. Mengele (1911-1979) com os judeus presos durante o regime nazista, na Segunda Guerra Mundial. Ou definir como falso e prejudicial todo sistema de governo que em seu bojo possuísse um político corrupto. Nesse caso, todos seriam condenáveis. Esses exemplos não implicam que o cristianismo seja verdadeiro, mas demonstram a não existência de relação lógica direta entre as ações de indivíduos e os princípios presentes em suas comunidades.

A fim de estabelecer se um determinado sistema é invalidado por ações erradas, precisa-se questionar se os princípios definidos por tal sistema, seja religioso, político, científico ou filosófico, se harmonizam com as ações condenáveis praticadas por um ser que o representa. Portanto, ao avaliar o caso de cristãos e até líderes religiosos, de serem acusados de roubo, estupro, assassinato, etc., é necessário compreender se os princípios do cristianismo lhes dão suporte lógico, permissão moral ou até motivação.

O cristianismo – Mesmo um leitor superficial e até um não cristão, ao ler o relato dos evangelhos, notará a diferença abissal entre os princípios promulgados por Jesus e o comportamento daqueles cristãos que realizam práticas tão espúrias que são condenáveis pela maioria esmagadora da sociedade.

Para ser mais clara a discrepância, basta observar os dois princípios da fé cristã como resumidos por Cristo (Mt 22:37-39):

  1. Amar a Deus acima de todas as coisas.
  2. Amar o próximo como a si mesmo.

É como uma decorrência lógica de tais princípios que Jesus recomenda que os desabrigados sejam acolhidos, o cuidado com as viúvas e órfãos, e que os famintos sejam alimentados (Tg 1:27 e Mt 6:1-4).

Portanto, não é uma conclusão correta e justa supor a inveracidade do cristianismo com base nos escândalos e crimes envolvendo cristãos conhecidos, ou anônimos, pois essas ações apenas explicitam a incoerência desses indivíduos com o sistema de valores e verdades que representam.

O caso do nazismo – Nesse momento, com uma perspectiva mais amadurecida, seria interessante e esclarecedor analisar as ações do Dr. Mengele, frente aos princípios defendidos pelo nazismo, e não mais com aqueles presentes na medicina, pois a incompatibilidade é explícita, e então perguntar se havia ou não coerência com as ideologias nazistas.

Segundo a compreensão nazista da supremacia ariana, haveria apenas uma raça superior, que poderia invadir e tomar países, bastando que julgasse esse ato benéfico para a manutenção e fortalecimento da raça. Desenvolvimento e aprimoramento da espécie, eis os princípios norteadores das ações do governo de Hitler, como proclamado por ele próprio, e qualquer semelhança com os mecanismos evolutivos não é coincidência. Portanto, torturar, matar ou fazer experimentos com outros seres humanos – de outras “raças”, é claro –, segundo a definição nazista, eram atitudes aprovadas e promovidas, conquanto resultassem no fortalecimento da supremacia alemã. Deduz-se, então, que as práticas cruéis e atrozes do Dr. Mengele nos campos de concentração eram perfeitamente lógicas, com respeito aos princípios nazistas, pois, para estes, qualquer ser que não pertencesse ao corpo dos alemães não deveria ter qualquer consideração, e, segundo eles, esses experimentos serviam para purificar a raça.

No livro Em Guarda, de William Lane Craig, há alguns relatos dos experimentos realizados pelo médico nazista. Uma sobrevivente contou que o Dr. Mengele havia suturado seus mamilos para que ela não amamentasse o seu recém-nascido e, dessa forma, ele pudesse observar em quanto tempo o bebê morreria. Em desespero, ela tentava alimentá-lo com pedaços de pão molhado, mas não obteve resultado. Dia após dia, o bebê perdia peso, sendo sempre monitorado pelo médico. Certo dia, uma enfermeira, secretamente, ofereceu uma saída para que a mulher sobrevivesse, porém, ela deveria aplicar uma injeção de morfina na criança, o que a mataria. A pobre mãe estava resistente, mas a enfermeira a convenceu, afirmando que não havia chance para o bebê, porém, ela poderia sobreviver. Dessa forma, uma mãe foi obrigada a tirar a vida do próprio filho. O médico ficou furioso com o ocorrido e em seguida vasculhou os corpos para encontrar o bebê, com o objetivo de fazer uma última pesagem. Na enciclopédia virtual Wikipédia, é apresentada a seguinte descrição:

“Em suas experiências com seres humanos em Auschwitz, ele injetou tinta azul em olhos de crianças, uniu as veias de gêmeos, deixou pessoas em tanques de água gelada para testar sua resistência, amputou membros de prisioneiros e coletou milhares de órgãos em seu laboratório.”

Um questionamento se faz necessário: Como entender ou aceitar que um sistema que tenha gerado tanta dor e sofrimento possa almejar o status de verdade, sendo que esses atos podem ser deduzidos de seus princípios?

E o ateísmo? – Finalmente, deve-se analisar quais as consequências advindas, caso se parta de uma visão de mundo desarraigada de quaisquer crenças, sejam religiosas ou filosóficas, pois essa é a proposta, segundo seus defensores, do ateísmo. Sob esse ponto de vista, o homem é produto do acaso, ou seja, não há qualquer razão para sua existência, sendo assim, não há qualquer valor absoluto para a vida humana.

Segundo o professor Richard Dawkins, um dos maiores representantes do movimento ateu, “no final, não há nenhum designo, nenhum propósito, nenhum mal, nenhum bem, nada mais do que uma insípida indiferença. […] Somos máquinas para a propagação do DNA. […] Essa é a única e exclusiva razão de cada ser vivo existir” (Em Guarda, p. 38).

Muitos, ao defender o ateísmo, declaram que essa posição levará o ser humano à libertação. Segundo eles, o homem será livre da opressão de sistemas ideológicos que o escravizam, tal como a religião. Mas há uma consequência a mais: liberta a todos de quaisquer códigos de conduta absolutos, permitindo a cada ser humano agir segundo julgar ser o melhor para preservar sua vida, ou o seu DNA. O historiador Stewart C. Easton declara em seu livro:

“Não há nenhuma razão objetiva para que o homem tenha moral, a menos que a moralidade traga alguma recompensa para a vida em sociedade ou o faça se sentir bem. Não há nenhuma razão objetiva para que o homem faça qualquer coisa, a menos que isso lhe traga algum prazer” (The Western Heritage, p. 878).

Portanto, tal como no nazismo, embora as ações condenáveis de um ateu possam ser repudiadas pela sociedade, possuem suporte moral e a motivação na base conceitual de seu sistema ideológico. De certo que, se definirmos que tal forma de viver é impraticável e perigosa, pode-se concluir que sua visão de mundo não pode ser verdadeira.

Deve ser notado que não se está afirmando que um ateu, necessariamente, agirá como um infrator ou criminoso. Existem muitos que, mesmo não crendo em qualquer forma de entidade superior, são excelentes cidadãos. Mas, caso resolvessem agir apenas conforme sua vontade e seu interesse, independentemente da felicidade dos outros membros dessa sociedade, estariam perfeitamente respaldados por essa ideologia.

A melhor escolha – Em resumo, é muito precipitado e nada lógico negar a veracidade de um sistema com base em ações generalizadamente condenáveis, mas é necessário avaliá-las a fim de determinar se são coerentes, ou não, com os princípios norteadores de tal sistema.

Especificamente no caso do cristianismo, graças à valorização da vida humana, bem como do amor mútuo, é evidente a incoerência de qualquer um que se declare cristão agir de forma a prejudicar ou explorar a vida de outro ser humano. Portanto, além de condenar as más ações, o cristianismo promove uma convivência de mútua felicidade, definindo de forma absoluta o sentido, o valor e o propósito da vida humana, demonstrando com isso tanto sua eficácia como relevância para uma sociedade carente como a atual.

Editado por Michelson Borges.

A maior declaração da presença de Deus

Certa vez, assisti ao filme Contato (1997), baseado no livro homônimo do famoso divulgador da ciência Carl Sagan (1934-1996). Apesar do fundo alienígena, o filme possui um conteúdo muito inteligente e conduz o telespectador a interessantes reflexões. Mas, neste momento, gostaria de chamar a atenção para a ideia mestra do filme. Uma radioastrônoma, Dra. Eleanor, interpretada por Jodie Foster, recebe um sinal oriundo do espaço, e nele há uma série de números primos. Em seguida, uma mensagem contendo um vídeo é decodificada, revelando o complexo projeto de engenharia de uma máquina que aparenta ser um portal, que através de dobras no tempo poderia levar o tripulante para locais desconhecidos no espaço sideral.

Veja bem, segundo a história, um conjunto de números primos seguidos por projetos de estruturas tecnológicas complexas é naturalmente compreendido como um sinal de que há uma mente superior e inteligente responsável por essa mensagem. Agora, que tal analisarmos a história da ciência que, desde a Antiguidade, já interpretava sinais claros de complexidade matemática presente na natureza?

A proporção áurea (ou proporção de ouro), por exemplo, na qual uma série de números, ou comprimentos geométricos, possui uma razão que se aproxima de um valor constante. Observe a série de Fibonacci: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, ao dividirmos um número da série por seu antecessor o resultado, conforme o número avança na série, se aproximará mais ainda do valor 1,618033. Esse valor é chamado de número de ouro. Por quê? O que há de tão especial nesse arranjo matemático? Se ficássemos apenas nesse ponto, nada, mas quando observamos inúmeros exemplos na natureza, de animais e vegetais que possuem proporção áurea, isso se torna muito interessante.

Por exemplo, pode observá-la em caracóis, no abacaxi, na posição da arcada dentária do ser humano, na distribuição das folhas nos galhos de algumas árvores, no girassol, etc. Como explicar a presença de uma organização matemática tão sofisticada presente em objetos naturais e imitada em obras por artistas e engenheiros do quilate de Da Vinci?

Mas a complexidade matemática presente na natureza não fica por aí. Desde Johannes Kepler (1571-1630), quando ele descreveu o movimento dos planetas por meio de leis matemáticas claras, as famosas leis de Kepler, seguido por mentes como a de Isaac Newton, que descobriu a lei da gravitação universal, entre outras teorias, a ciência nos vem apresentando sinais – não vindos do espaço – com profunda inteligibilidade. No entanto, chegamos ao ponto de dizer: tudo é fruto do acaso! Para entender a gravidade dessa afirmação, que tal imaginar a Dra. Eleanor, após receber o sinal de rádio extraterrestre, declarando: “Não creio que esse conjunto de números complexos, essa mensagem de vídeo e o projeto dessa máquina tecnológica foram feitos por alguém inteligente. Deve ser apenas uma interferência de sinais oriundos de fenômenos naturais, ainda desconhecidos, que se uniram e formaram esse padrão.”

Acho que você entendeu. Portanto, não vejo a ciência como um instrumento para nos separar do Ser responsável pela criação de tudo, mas uma excelente oportunidade de nos aproximarmos dEle e o apresentarmos a outros. É por essa razão que a chamo de “a maior declaração da presença de Deus”.