Um Deus que Pode, Sabe e Age!

Um dos pais do Cálculo, Leibniz, apresenta três características essenciais de Deus.
A primeira, o PODER. Deus PODE! Deus tem a capacidade de realizar o que quiser. E a compreensão desse fato precisa nos tornar mais submissos ao que as Sagradas Escrituras dizem. Se Deus diz que fez, Ele fez. E ponto. Não somos, pelo menos do ponto de vista bíblico, capazes de exaurir o conhecimento sobre Deus a ponto de limitar sua ação pelo que julgamos ser possível ou não, pois Ele PODE! E esse poder não é limitado em nada, que não apenas aos seus próprios atributos. Deus é o único que possui, de forma absoluta esse atributo. O que significa que Ele, absolutamente, PODE!

Leibniz apresenta outra característica inerente somente a Deus. Ele tem o CONHECIMENTO! Ou seja, Deus sabe. E isso é novamente algo que somente Deus pode ter. Todos os outros são criaturas, por isso estão sabendo. Ou seja, passam por um processo de aprendizado contínuo que mesmo a eternidade nunca vai exaurir. Já Deus, simplesmente sabe! Como Criador e como sustentador de toda realidade, inclusive do tempo, Deus conhece TODA a realidade. Você pode até supor que algo está além do conhecimento dEle, mas é uma mera ilusão. Portanto, quando Ele te ama, te ama como você é, com tudo o que é e com tudo o que irá ser. Mas Ele SABE o que você deve ser para seja verdadeiramente feliz. Não é você que sabe, pois é criatura, é Ele que SABE pois é o Criador!

E o último predicativo destacado por esse cientista cristão é o que ele chama de Vontade, ou seja, o seu interesse e ação. Deus, apesar de autossuficiente, age, criando e recriado. Para quê? Pelo princípio de melhor, segundo Leibniz, ou um princípio que outros poderiam chamar de Perfeição, pois um Deus perfeito busca o melhor. Mas eu prefiro algo mais pessoal: Deus tem a Vontade, porque ele Age, e Age por um princípio mais fundamental, o AMOR! Pois só o amor pode explicar o fato de um Ser completo e perfeito, portanto, um Ser que não precisa de NADA, escolher exercer sua vontade em criar outras criaturas inteligentes e livres na forma de pensar para que, com tal liberdade, poder desenvolver uma relação de AMOR com Aquele que PODE, SABE e AGE.

@cristianismoabsoluto

O que é adoração bíblica?

Introdução

cross picture Christian cross wallpapers group jpg - Cliparting.com

Adoração é um dos assuntos mais debatidos e um dos mais perguntados para pastores. Por isso, falar sobre adoração é complicado justamente porque corre-se o risco de ser irrelevante, apenas repetindo o que todos já falaram. Pensando nisso, resolvi tentar uma abordagem um pouco diferente de tudo o que eu já havia dito e ouvido sobre o assunto nas igrejas.

Abramos nossas Bíblias em Jó 1:18 a 20 :

Enquanto este ainda falava, veio outro e disse: Teus filhos e tuas filhas estavam comendo e bebendo vinho em casa do irmão mais velho; e eis que sobrevindo um grande vento de além do deserto, deu nos quatro cantos da casa, e ela caiu sobre os mancebos, de sorte que morreram; e só eu escapei para trazer-te a nova. Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a sua cabeça e, lançando-se em terra, adorou;

Como é possível adorar a Deus logo após ter perdido os filhos e rasgar as próprias roupas de desespero? Como é possível adorar a Deus quando tudo falha? Α resposta a esta pergunta esta no final de um caminho com muitas paradas que nos ajudam a descobrir mais sobre adoração contemporânea, adoração bíblica e como se tornar um verdadeiro adorador.

Onde estamos: origem da adoração emocional

Bem… eu vou começar com uma pergunta um pouco diferente: Você escova os dentes todos os dias?

Pode parecer uma pergunta totalmente doida, mas ela tem um sentido.  A grande maioria das pessoas que você conhece escova os dentes diariamente e o fazem com pasta de dentes. Agora de onde veio isso? Porque fazemos assim? Escovar os dentes é algo natural, faz parte do nosso dia a dia, mas porque fazemos isso? De onde surgiu esse hábito? Eu digo isso porque a primeira escova de dentes surgiu em 1498 na china e era feita com pelos de porco, mas, apesar de ser tão antiga, até o começo do século XX grande parte da população mundial não escovava os dentes…

Foi apenas em meados de 1900 que um publicitário chamado Claude Hopkins teve uma grande sacada. Ele fez uma propaganda dizendo que se você passasse a língua por cima dos dentes iria sentir uma película áspera que, segundo ele, era nociva e favorecia o apodrecimento dos dentes. As pessoas liam o anúncio, passavam a língua nos dentes, sentiam a película e decidiam escovar os dentes (como você provavelmente  acabou de fazer). O sucesso foi tão grande  que, dez anos depois da propaganda, o percentual de americanos que escovavam os dentes foi de 7% para 65%, e em 1930 a pepsodent ( creme dental da propaganda) já estava sendo vendida até na China e na África. Escovar os dentes virou algo natural.

Mas afinal, o que isso tem a ver com adoração?

Schleiermacher

Fique tranquilo, escovar os dentes pouco tem a ver com adoração. Apesar disso, existe aqui um padrão interessante. Hoje todos nós fazemos uma determinada coisa porque em algum momento alguém teve uma ideia que influenciou o mundo. Essa influência foi tão intensa que a julgamos com algo natural, tão natural que nos gera estranheza pensar que um dia foi diferente. O mesmo acontece com adoração, querem ver?

Friedrich Schleiermacher (1768-1834), foi um dos maiores filósofos e teólogos da era moderna. Na época de Schleimacher, o iluminismo havia dito que a Bíblia não servia para muita coisa e não passava de um livro antiquado, fruto de vários autores tardios que haviam inventado algumas histórias. Schleiermacher quis defender a Bíblia dentro dos pressupostos iluministas. Ele concordou com os iluministas que a Bíblia não era inspirada  e não era a palavra de Deus, mas defendeu que Deus falava por meio do sentimento que a leitura da Bíblia infundia no leitor. Em outras palavras, ele retirou todos os aspectos racionais e objetivos da Bíblia e enfatizou os emocionais e subjetivos. O importante não seria o que a Bíblia dizia, mas sim o que se experimentava, o que se sentia, ao ler a Bíblia, mesmo que fosse totalmente diferente do que outros tivessem sentido.

Daí em diante, a ênfase da adoração e da prática religiosa passou a ser emocional e experimental. A adoração passou a ser enfatizada nas áreas mais artísticas onde havia espaço para que os sentimentos falassem o que as palavras não conseguiam; foi dada uma ênfase na religião do experimentar e do sentir. Finalmente, alguns grupos retiraram por completo o elemento objetivo da adoração com falar em línguas de mistério e movimentos como a unção dos seres, cair no Senhor e etc. O experimental se tornaria dominante.

Bem, certamente existem alguns que estão pensando “esses pentecostais…” quando, na verdade, eu preciso dizer que muito do que Schleiermacher disse afetou a forma como nós adoramos hoje na sociedade Cristã em geral. Mesmo no meio adventista essa influência é visível. Graças a influência de Schleiermacher, música e adoração se tornaram termos quase sinônimos porque na música podemos expressar nossos sentimentos mais abertamente (e muitas vezes as letras são um ponto secundário); momentos do culto foram considerados como não sendo de adoração e  conversar e divagar não são considerados irreverência nesses momentos; um bom sermão é aquele que faz você chorar ou se emocionar profundamente, arrependimento é se sentir profundamente triste por algo; pregadores falam que a essência da religião é ter uma experiência com Deus; Um bom louvor é aquele que te faz sentir animado ou contrito; a experiência de um culto é mais valorizada que seu conteúdo  e etc.

Importante frisar: não estou dizendo que adoração deva ser desprovida de uma dimensão emocional ou experimental. Quero mostrar que muito do que chamamos de adoração hoje é fruto de ideias que desconsideram a Bíblia como palavra de Deus e se focam no humano. Quero mostrar que muito dos nossos padrões do que é uma “boa” e uma “má” adoração passa por filosofias contrárias à Bíblia. Apesar disso, muitas vezes nós achamos isso absolutamente normal e fazemos uso destes conceitos como se eles fossem intrínsecos à adoração.

E antes que tomem conclusões precipitadas, esse é um mal comum a conservadores como a liberais. Isso porque ambos grupos costumam apelar para o tipo de experiência e sentimentos que determinada forma de adoração transmite. Afinal, você sempre vai achar pessoas que defendem que algo possa ou não ser feito na igreja por conta da experiência que aquilo vai criar.

Adoração bíblica

Adoração é diferente de dar glórias e cantar

Mas se tanto sobre a forma como adoramos vem de pensadores modernos, o que podemos dizer da adoração bíblica? A palavra adoração é uma palavra que parece ser bem comum a todos nós, contudo na Bíblia esta palavra não é muito comum. Para falar a verdade, quase todas as vezes em que a palavra adoração ocorre em nossas Bíblias ela se refere a uma expressão que seria mais literalmente traduzida como “prostrar-se” ou “ajoelhar”. É o que acontece nos seguintes textos:

Então toda a congregação adorava, e os cantores cantavam, e os trombeteiros tocavam; tudo isso continuou até se acabar o holocausto. II cron 29:28

Toda a terra te adorará e te cantará louvores; eles cantarão o teu nome. Sal 66:4

O mesmo ocorre no Novo Testamento: a palavra apresentada como adorar é mais literalmente traduzida por prostrar-se. Por exemplo, temos os seguintes textos:

Disse o homem: Creio, Senhor! E o adorou. João 9:38

Então os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus que está assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia! Apoc 19:4 

Percebam que eu escolhi alguns versos que deixam isso um pouco mais claro, uma vez que se coloca que a congregação adorava e cantava louvores. Os textos deixam claro que louvor e adoração são coisas diferentes, e isso  pode soar estranho justamente porque o nosso conceito de adoração é diferente.

Parece meio confuso não parece? Afinal, como é que podemos diferenciar quando alguém adora de quando alguém se prostra?  Será que esse estudo pode realmente explicar adoração? Parece que estamos falando de coisas diferentes não parece? Por conta disso, vamos continuar olhando alguns outros textos.

Adoração a Deus é semelhante a prostrar-se para o rei

Lendo um dos versos que mencionei você pode ter percebido uma coisa interessante, existe ali um exemplo de alguém que se prostrou e adorou. São duas palavras sinônimas seguidas. Ou seja, é como se fosse algo como “prostrar-se e prostrar-se”. Isso dá a entender que, teoricamente, as duas não poderiam ter o mesmo significado. Então eu fui procurar essas palavras juntas pra ver se este poderia ser uma expressão mais específica para adoração, e o que eu achei foi muito interessante. Eu achei versos como esses:

E o povo creu; e quando ouviram que o Senhor havia visitado os filhos de Israel e que tinha visto a sua aflição, inclinaram-se, e adoraram. Êx 4:31

Então Jeosafá se prostrou com o rosto em terra; e todo o Judá e os moradores de Jerusalém se lançaram perante o Senhor, para o adorarem. 2Cr 20:18

Mas também achei versos como esses aqui:

Então disse Davi a toda a congregação: Bendizei ao Senhor vosso Deus! E toda a congregação bendisse ao Senhor Deus de seus pais, e inclinaram-se e prostraram-se perante o Senhor e perante o rei. 1Cr 29:20  

Responderam eles: O teu servo, nosso pai, está bem; ele ainda vive. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se. Gn 43:28

Olha só que interessante: A mesma expressão utilizada para adorar a Deus é utilizada para se prostrar diante de reis e governantes. Isso pode significar duas coisas: ou devemos tratar os governantes de uma forma semelhante como tratamos Deus (o que seria idolatria), ou devemos tratar Deus de uma forma semelhante como tratamos com os governantes.

No Novo Testamento a mesma palavra utilizada para adoração pode ser utilizada para outras pessoas senão Deus:

Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei. Mt 18:26

Adoração é submissão

 Essas passagens noite mostram que adoração invoca uma relação entre Senhor e servo, entre Rei e vassalo; uma relação de submissão e lealdade. Considerar isso afeta diretamente nossa visão de  como devemos adorar a Deus e de como vivemos a nossa fé. Isso porque se entendemos que adoração a Deus é cantar, dar glórias ou se derramar emocionalmente, podemos fazer isso com toda a sinceridade de coração e mesmo assim viver uma vida que não seja verdadeiramente submissa. Contudo, se formos verdadeiramente submissos não iremos cantar glórias e louvores de maneira inadvertida.

Querem ver um exemplo? Pense num pai ou mãe de uma criança pequena. Se você for pai ou mãe certamente ama seus filhos, certamente tem uma sincera afeição por eles e certamente está preocupados o melhor para eles. Contudo, quando uma criança dá um “chilique” e fala “EU QUERO ISSO!!!” e o pai nega esse desejo, este pai deixou de amar a criança? De maneira alguma, ele apenas não está submisso a ela.

Essa pequena ilustração demonstra que uma relação sincera e verdadeira, transbordante de amor e sentimentos não é necessariamente uma relação de submissão. Da mesma forma, eu posso ter um relacionamento real, vívido, sincero e bonito com Deus sem que este relacionamento implique em submissão, sem que este relacionamento implique em adoração verdadeira.

É o que diz:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Mt 7:21

Ou seja, nem todo que  e aceita a Deus entrará no reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de Deus, aquele que obedece, aquele que se submete.

Consegue perceber como a Bíblia é clara em mostrar que Deus não espera apenas um relacionamento com Ele, Deus espera um relacionamento de adoração, um relacionamento de submissão. Isso significa que um verdadeiro adorador não é aquele que se manifesta artisticamente, ou verbalmente, ser um verdadeiro adorador significa fazer a vontade de Deus.

Ser um adorador significa obedecer a Deus, ser um adorador significa guardar os mandamentos de Deus, ser um adorador significa ser fiel a Deus. Em outras palavras, não adianta você vir a igreja, passar horas cantando, horas orando, se entregar de uma forma emocional verdadeira e sincera se você não está preocupado em fazer a vontade de Deus fora da igreja.

Adoração se faz em casa, tratando bem a família, respeitando o próximo, sendo fiel ao seu cônjuge, sendo um bom cidadão; adoração se faz no trabalho, sendo honesto, fazendo o seu melhor, guardando o sábado; adoração se faz na escola e na faculdade, sendo honesto em não colar, sendo exemplo. Adoração se faz no campo de futebol cuidando do linguajar, não jogando sujo. Enfim… adoração se faz em todos os lugares em toda a hora.

Um bom exemplo está na história do teólogo e espião Dietrich Bonhoeffer em uma de suas frases: “Só os que gritam ao lado dos judeus têm direito a entoar cantos gregorianos”. Bonhoeffer disse isso durante a segunda guerra mundial, em um momento que Hitler estava perseguindo os judeus e pressionando a igreja alemã. O ditador dava favores aos religiosos que o obedeciam ao mesmo tempo em que perseguia os cristãos que discordavam dele. Foi uma época em que alguns líderes religiosos  eram perseguidos e mortos (como o próprio Bonhoeffer seria) enquanto outros se escondiam. A ideia da frase dele era simples: Aqueles que não estavam dispostos a amar ao próximo como a si mesmo e a serem mais submissos a Deus que ao governo nazista não eram dignos de cantarem hinos nas igrejas. “Só os que gritam ao lado dos judeus têm direito a entoar cantos gregorianos”.

O mesmo acontece hoje, mas de uma forma muito mais fácil e sútil. Hoje não arriscamos nossas vidas para adoração. Nós arriscamos salários, amizades, namoros, ou coisas ainda mais fúteis como horas de sono, prazer na comida, curtidas no Instagram etc. Damos preferência a tudo isso em detrimento de uma verdadeira adoração.

Hoje pensamos que se cantarmos, que se nos chamarmos de cristãos ,que se oramos de maneira intensa, que se chorarmos em um apelo estamos sendo adoradores, quando na verdade ser adorador é se submeter à vontade de Deus, é fazer o que Deus te pede.

Ser um adorador é aceitar os chamados de Deus pra você, é aceitar quando Deus te dá tem uma missão. Ser adorador é se entregar a Deus de forma real. É muito mais que ser obediente, é ser um súdito, um vassalo, um servo de Deus. É servir  com o mesmo entusiasmo e emoção que se canta; é evangelizar com o mesmo sentimento que se grita aleluia; É abrir mão dos prazeres proibidos com a mesma intensidade que se entrega em um apelo emocional.

Conclusão

Irmãos… Adoração não é demonstração de emoções, não é uma experiência, não é louvar; contudo, tudo isto pode estar incluso na adoração. Mas talvez a pergunta real, e talvez a verdadeira questão aqui seja: Você vai adorar quando a tristeza chegar, você vai adorar quando a experiência for desagradável, será que quando as lágrimas correrem pelo seu rosto você ainda será um adorador? Quando a música acabar, quando os amigos se forem, quando a voz falhar, quando o peito apertar, você ainda será um adorador? Quando o tédio só for superado pela agonia você ainda será um adorador?

Você ainda será um adorador quando Deus lhe chamar para fazer algo que você não quer? Será um adorador quando Deus lhe ordenar algo que vai gerar uma experiência desagradável?

Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a sua cabeça e, lançando-se em terra, adorou; Jó 1:20

A música, o louvor, as emoções, a alegria tudo isso infelizmente pode sumir, mas a verdadeira adoração vai além de sentimentos, a verdadeira adoração supera o louvor, supera a alegria. A verdadeira alegria está em se submeter ao Senhor. 

Seja hoje um verdadeiro adorador, adore a Deus de maneira verdadeira. Submeta-se a Deus independentemente de como você se sente, independentemente da situação, da experiência, da animação, submeta-se a Deus agora. Adore verdadeiramente.

Obs: As citações e referências usadas foram omitidas por se tratar de um texto não técnico.

Autor: Bruno Flávio, formado em direto pela UNIP-DF, teologia e master in arts em teologia bíblica pelo UNASP-ec.

O Sábado era ou não guardado antes do êxodo?

by Allan Swart which

Uma possível dificuldade em responder essa pergunta reside no fato de não haver um texto específico indicando que o sábado deveria ser guardado antes da apresentação da lei no Sinai. Entretanto, essa exigência se mostra não obrigatória pois há outras informações bíblicas que não possuem uma descrição explícita, mas ainda assim são tidas como verdadeiras pela simples inferência lógica obtida de outros textos. Vejamos por exemplo o caso de Caim que fora condenado por assassinato (Gn 4:7) mesmo que não há registro bíblico de uma lei contra matar alguém. Seria então a idolatria aceitável antes do Sinai, já que a lei escrita advertindo contra essa prática não havia sido apresentada? Em acréscimo a isso, podemos pensar sobre os anjos que pecaram quando não havia registro escrito de lei (II Pe 2:4). Na mesma linha de pensamento, como condenar o pecado de Adão (Rm 5:12-14), dos sodomitas (Gn 13:13) e Ló (II Ped 2:8), sendo que o pecado é descrito como a transgressão da lei (I Jo 3:4)? O próprio Paulo afirma que onde não há lei não há transgressão (Rm 4:15) e que pela lei vem o conhecimento do pecado (Rm 3:20). Sendo mais específico, junto a Tiago, Paulo deixa claro que a lei a que se refere são os dez mandamentos (Rm 7:7; Tg 2:911).

Contudo, aqui caberia outra pergunta: Como, mesmo não estando escritos, os dez mandamentos poderiam ser aplicados como lei vigente? Nesse momento um exemplo da história caberia bem. Na Inglaterra, por muitos anos, a lei usada nos julgamentos era conhecida como “lei comum” ou “direito consuetudinário”, a qual não estava escrita. O conhecimento sobre essa lei era passado de forma oral pela cultura e a não existência de algo escrito não dava o direito a alegação de não ser um código conhecido. Dessa forma, os cidadãos ingleses foram julgados por uma lei não escrita durante muitos séculos. Nesse contexto poderia então haver uma pergunta quanto a lei dos dez mandamentos: Onde ela estaria registrada? O texto de Romanos (Rm 2:14 e 15) demonstra que as pessoas podem ser julgadas pela lei escrita em seu coração, mesmo quando não tem conhecimento objetivo, por exemplo na forma escrita, da lei. Portanto, a menos que reconheçamos a validade das leis não escritas, estaríamos acusando Deus de ser injusto ao condenar os pecados do povo antes do êxodo.
Seguindo o raciocínio de alguém que continue a questionar o sábado como um mandamento, mesmo antes destes serem escritos nas pedras, poderíamos perguntar: Por quê então Deus decide apresentar esse texto ao povo de forma escrita, já que havia uma lei no coração? Aqui é importante considerar o que estava acontecendo naquele contexto. Deus estava construindo uma sociedade que o representaria em diversos aspectos, sejam culturais, religiosos, hábitos de higienes, leis, sistema de adoração, sistema jurídico e etc… Por conseguinte, era importante esclarecer precisamente os parâmetros legislatórios. Mas, talvez, a razão mais forte para Deus apresentar sua lei moral de forma escrita, seria o grau de distanciamento que esse povo, base para construir a nação que apresentaria sua verdade ao mundo, estava de Deus. Foram mais de 400 anos vivendo em um regime de escravidão e por isso de decadência moral, intelectual e religiosa. Se hoje, basta uma geração para esquecermos os traços distintivos de nossa cultura, imagina quatro gerações, aproximadamente. Em resumo, a grandeza do propósito e a degeneração do povo levaram Deus redigir sua lei na forma escrita.

Nesse momento, alguém que ainda mantivesse a objeção inicial sobre a validade da ordem de guarda do sábado antes do êxodo, poderia afirmar que o sábado possuísse um caráter diferenciado de outros mandamentos. Por essa razão, os outros, como não matar, não furtar, ou adorar outros deuses, eram válidos anteriormente antes da compilação escrita, enquanto que o sábado não. Mesmo considerando um tanto forçosa essa linha de pensamento pelo fato de não haver evidências que indiquem que o sábado era diferenciado dentro do decálogo, podemos avaliar algumas evidências bem contundentes que se harmonizam com o argumento construído nesse texto. Em Gênesis (Gn 2: 2 e 3) vemos que o Sábado é distinguido dos outros dias da semana por Deus escolher esse dia para descansar e, a partir dessa ação, o abençoa e santifica. Desta forma o sábado possui os atributos da benção e santificação que o distingue dos outros dias. Nesse momento poderia haver a afirmação de que isso não implicava que o homem deveria guardar o sábado. É uma alegação um tanto estranha, sendo que o mesmo Deus que teve um comportamento diferenciado quanto a esse dia utiliza tal comportamento como base argumentativa para justificar a guarda do sábado (Ex 20:11). Por que essa justificativa seria válida após o Êxodo, mas não para a guarda do sábado antes? Aqui o correto deveria esperar que fossem apresentadas evidências bíblicas tão fortes quanto a alegação feita.  

 Outro ponto que é contrário a interpretação de o sábado não ser válido antes de Moisés é a forma de comunicação entre Moisés e o povo quando do episódio do Maná (Ex 16: 22-30). O caráter da comunicação não é de apresentação de algo novo, mas é uma comunicação direta, como uma reafirmação de algo que o povo já conhecia, mesmo que não praticava. O que estava acontecendo era o resgate de uma norma perdida por muitos. O vínculo motivacional é direto com a criação. Mesmo que em Deuteronômio haja o acréscimo de outra justificativa, a libertação do cativeiro egípcio, as duas motivações se somam, não se anulam. O sábado passa a ser uma alusão a criação e a redenção, ambas executadas por Deus de forma literal.

Portanto, a apresentação do sábado no início da criação, a prevalência dos dez mandamentos ao longo da história, mesmo antes de serem escritos, a vinculação motivacional do sábado do decálogo com o descanso de Deus e a forma como Deus cobra de seu povo a guarda do sábado demonstram que este era válido antes do êxodo.

Baseado no capítulo 3 do livro “Respostas a objeções” de Francis D. Nichol, da Casa Publicadora Brasileira.

A ressurreição da esperança!

Essa pandemia vai passar? Teremos paz algum dia? Seremos pessoas melhores depois de tudo isso? A felicidade plena será possível? Um dia, a dor de ver os amados morrendo acabará? A julgar pela história humana de luta após luta, parece que não. Pois, mesmo que a pandemia passe, outra dor virá. Caminhamos em uma estrada árida nos alimentando com esperanças passageiras que, tal como algodão doce, se dissolvem.

Como precisamos desesperadamente de uma certeza! O nosso grito é apenas: Chega de sofrer! Me deem uma certeza, por favor! Pois bem, isso foi feito! Deus desceu a um mundo sombrio, Se fez um de nós, trilhou nossa jornada, mas da forma certa, para nos mostrar o caminho. E quando Ele ressuscita, é como abrir a porta de um quarto escuro permitindo que a luz do sol entre e nos acorde para a grande verdade de que a felicidade está ao nosso alcance!

A ressureição é a prova de que podemos ressuscitar de uma vida morta de esperança, mastigada pelas dores da luta e desesperada para respirar em um mar de lágrimas.

Tudo é relativo?

Relativismo - Definição, conceito, significado, o que é Relativismo

A versão relativística do relativismo.

Temas como verdade, política, religião e felicidade são vistos como assuntos que não devem ser debatidos, pois são completamente dependentes do ponto de vista, portanto relativos. Sendo assim, a distinção entre o que é certo e errado passou a ser tão subjetiva que o único conselho aceitável é “Se te faz feliz, siga em frente, apenas não venha impor sobre mim sua forma de ver a realidade. Afinal, todos os pontos de vista são equivalentes e igualmente corretos. ” Essa postura é um símbolo da visão de realidade pós-moderna, onde a única verdade que sobrou foi aquela que afirma não haver verdade.  Bom, eu não sei se tal maneira de ver a realidade tem sua origem em teorias filosóficas, psicológicas ou sociais, e muito menos posso afirmar se, caso existam, tais teorias são fundamentadas na experiência ou observação e oriundas da aplicação do método científico, como deve ser construída qualquer teoria científica. Mas, o objetivo desse texto é refletir sobre a relação que a visão de mundo relativista possa ter com a teoria da física que é muitas vezes citada para sustentar a tese de que “Tudo é relativo”, a Teoria da Relatividade. Desta forma, o meu propósito é perguntar a Teoria da Relatividade, como proposta por Einstein: Tudo é relativo?

Para responder tal pergunta precisamos entender qual foi o objetivo que Einstein e outros tiveram quando da concepção da teoria da relatividade. Nesse caso, partiremos de um exercício mental bem simples: imagine-se sentado em uma cadeira arremessando uma bolinha para cima e a pegando de volta. Agora, tente pensar no que aconteceria se estivesse dentro de um vagão, completamente fechado, em um trem silencioso que se move com velocidade constante. Será que você seria capaz de notar alguma diferença em seu comportamento ou no da bolinha que se movimenta no ar? Caso sim, como? Falando de outra forma: você teria condições de realizar algum teste para distinguir se está em movimento ou em repouso? Segundo a mecânica, área da Física desenvolvida especialmente por Newton, não há como diferenciar entre estar em repouso ou em movimento com velocidade constante. Ambos os pontos de vista são equivalentes e obedecem às mesmas leis da física. A esse princípio, chamamos de: Princípio da relatividade de Galileu, pois foi Galileu Galilei o primeiro a identificá-lo.

Mas se o teste realizado fosse através de um feixe de luz, aparentemente, essa distinção seria possível. Pois, segundo a mecânica newtoniana, a velocidade do feixe sofreria alteração dependendo da direção para o qual fosse apontado. Sendo assim, haveria uma forma de saber se um objeto está em repouso ou em movimento com velocidade constante. Ou seja, para a mecânica os pontos de vista são equivalentes, mas não para a teoria eletromagnética, área da física que estuda a natureza da luz. Esse aparente conflito dentro de uma visão unificada da física era inaceitável, ou pelo menos precisava de uma explicação. Como, o princípio da relatividade que declara que dois observadores, sendo um em repouso e outro em movimento uniforme, com velocidade constante, deveriam obter os mesmos resultados dependeria de qual área da física estávamos aplicando?

Nesse momento podemos correr o risco de pensar que o foco do problema era garantir que o princípio da relatividade continuasse válido, mas não. A real motivação para a busca de uma solução estava em garantir que a física fosse uma estrutura unificada, e, portanto, igualmente aplicada a qualquer observador, seja ele em repouso ou em movimento com velocidade constante. Inclusive, foi a busca pela ampliação dessa visão que motivou o desenvolvimento de uma versão da relatividade que incluísse observadores que estavam se movendo com velocidade variável, a Teoria da Relatividade Geral.

Com o firme objetivo de mostrar que a física era a mesma para todos os referenciais, a proposta de Einstein partia do estabelecimento de dois postulados assumidos como verdades desde o início:

          I.            As leis da física, tanto mecânicas como eletromagnéticas, são as mesmas para todos os pontos de vista, quer em repouso ou em velocidade constante.

    II.            A velocidade da luz é uma constante e independe do movimento de sua fonte.

Dessa forma, a física, tanto mecânica como eletromagnética, vista por dois observadores em repouso ou em movimento uniforme entre si, era perfeitamente equivalente. Como consequência, Einstein precisou modificar a forma como as grandezas tempo e espaço se comportavam quando se realiza uma mudança entre tais observadores, ou seja, os dois mais sagrados absolutos, tempo e espaço se curvam ante a permanência das leis da física, mas não vamos tratar disso no texto.

O que deve ficar claro nesse ponto da reflexão é que a equivalência entre quaisquer dois observadores a respeito da realidade física, eliminando qualquer prevalência de um sobre o outro, é fundamentada na existência de uma verdade absoluta descrita pelas leis da física. Pensando de outra forma, não é o relativismo a base da teoria da relatividade, mas dois postulados absolutamente tidos como verdadeiros, mesmo que como consequência torne as medidas obtidas em referenciais diferentes relativas. Portanto, a ideia básica não foi tornar o ponto de vista de cada observador igualmente verdadeiro, mesmo que distintos, mas tornar ambos submetidos às mesmas absolutas leis da física.

A partir deste momento, podemos entender que afirmar ser a teoria da relatividade uma base para a declaração “não existe verdade absoluta, pois tudo é relativo” é mais que um erro, vai simplesmente contra os princípios fundamentais de uma das teorias mais bem testadas da ciência. Se há algum fundamento para o relativismo da sociedade pós-moderna, ele não está na teoria da relatividade. Mas se pretendemos construir uma cosmovisão a partir dela, precisamos nos harmonizar com a ideia mais básica que estrutura essa teoria, a realidade, ou as leis que a constituem, é única e igualmente aplicável a todos os observadores. Consequentemente, questões como moralidade, verdade e felicidade podem possuir uma estrutura comum e unificada sobre a qual podem ser construídas. Isso não implica que todos os observadores devem perceber a realidade igualmente, tal como acontece na relatividade, mas que devem estar fundamentados em mesmos princípios igualmente aplicados a todos. Essa visão, fundamentada na teoria da relatividade é o que poderíamos chamar de versão relativística do relativismo.

Se por um lado as atuais teorias da filosofia, psicologia ou sociologia diferem dos princípios da teoria da relatividade, há uma cosmovisão que se harmoniza tanto com existência de uma estrutura unificada de leis que regem a realidade como a equivalência entre diferentes observadores, o Cristianismo. Para ela, a visão cristã, o universo e toda a realidade foram criados por um único Ser superior, cujo poder e extensão vão muito além de tudo o que criou. Um criador inteligente e intencional que criou a realidade fundamentada em leis universais. Estas, por serem fruto de uma mente inteligente, podem ser compreendidas por outras mentes inteligentes feitas à imagem e semelhança da primeira, o que explica a efetividade do empreendimento científico. Tais leis são igualmente aplicadas a todos os observadores do universo, o que faz com que não haja observador privilegiado. Nesse contexto as leis do universo não são meros atributos de uma realidade que foi se estruturando ao acaso, mas são a forma como o Criador, inteligente, onipotente e proposital criou toda realidade.

A visão de mundo cristã implica também que o significado da realidade não é construído pelos seres que a habitam, mas foi definido por quem criou a realidade e as leis que a regem, sendo, portanto, essa realidade descrita por leis absolutas cujos seres que nela habitam devem obedecer. Por fim, o cristianismo é a melhor versão relativística do relativismo, ao manter a relatividade das perspectivas de cada observador, ainda que fundamentada em princípios e leis universais absolutos.

O estranho vazio do primeiro natal

Quando pensamos sobre o nascimento de Jesus, episódio lembrado em cada natal, sempre há algo diferente que nos chama a atenção. É nesse contexto que eu gostaria de perguntar: O que te chama a atenção na história do nascimento de Jesus? Seria o local? A concepção miraculosa? A coragem e fé de José ao aceitar casar com uma mulher grávida?

Para mim, o que mais me chama a atenção é o vazio. Havia um estranho vazio de pessoas e de condições para a vinda de um rei pré-anunciado há tantos anos pelas profecias bíblicas. Veja, por exemplo, que no livro de Miquéias no capítulo 5, verso 2, a cidade de Belém era predita como o local de nascimento do redentor. Além disso, podemos também lembrar que o texto do livro de Números capítulo 24 e verso 17, falava que seu nascimento seria sinalizado por uma estrela especial. Portanto, sendo que havia essas e outras profecias relativas a vinda do salvador é de estranhar o vazio que cercou seu nascimento.

Pode ser que alguém poderia apresentar algumas justificativas: Sendo que essas promessas foram feitas a muito tempo, naturalmente a fé nelas se esfriaria e as pessoas acabariam esquecendo. Entretanto, a fé dos pastores nas colinas de Belém estava bem viva! Outros talvez justificassem o vazio presente no nascimento de Jesus como resultado destas profecias não serem claras o suficiente para que o povo pudesse reconhecer o momento desse acontecimento. Mas, se isso fosse verdade, como explicar que reis orientais puderam reconhecer sinais na natureza e nas profecias a ponto de ir encontrar Jesus em Belém? Em vista disso, a pergunta permanece? Como explicar o vazio do nascimento de Jesus sendo que ele nascera no meio do “povo de Deus”?

Uma sugestão de resposta para esse dilema pode ser encontrada no texto do sábio Salomão presente no livro de Provérbios “Onde não há revelação divina, o povo se desvia” (Pv 29:18). Em outras traduções a expressão “revelação divina” é traduzida como profecias, consequentemente esse termo abrange bem mais que previsões sobre o futuro devendo representar o conhecimento bíblico dos tempos em que se vive. Sendo assim, quando o povo deixa de ter o conhecimento de Deus revelado em sua palavra, acaba por se desviar do plano divino e não mais reconhece os eventos atuais. Em consequência disso, a vida comum havia tragado as pessoas dentro da realidade ordinária de tal forma que a vinda do rei do universo não foi sequer notada. Estamos nós correndo o mesmo risco? Será que nos tornamos cristãos ateus? Alguém que professa acreditar em Jesus, mas se comporta como se ele não houvesse nascido?

O outro vazio que me chama a atenção é o vazio das coisas, ou melhor, de condições materiais para receber um rei, na verdade, O Rei. Uma vez que vivemos em uma época onde corremos atrás de realizar tantos preparativos para formar uma família e receber filhos, é um tremendo contraste que Jesus tenha nascido em uma família que sequer tinha um lar. Além disso: Não havia quarto decorado; não havia ar-condicionado; não havia nem mesmo paredes. Mas tudo o que realmente precisava estava lá: Uma mãe amorosa e temente a Deus, e um pai protetor, trabalhador e submisso a Deus. Será que não estamos correndo o mesmo risco, nos concentrando naquilo que até pode ajudar mais não é essencial e esquecendo do que realmente importa?

Fico a pensar se, mesmo desejando receber Jesus, não estamos dedicando esforços para preparar o exterior quando o que ele deseja é apenas um coração quentinho, como uma manjedoura, mas aquecido pela fé, onde possa nascer de novo? Meu desejo é que o texto de Gálatas seja uma representação de um verdadeiro natal que pode acontecer agora “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Se vive, é porque nasceu em você! Se nasceu, foi natal!

Quem é o Eu Sou? 13 – Um Deus que é paciente com nosso crescimento

Queda do analfabetismo fica estagnada no país, aponta pesquisa do IBGE | Diário de GoiásQuando jovem, uma das razões de achar a sala de aula um lugar monótono para aprender  era a velocidade com a qual costumava entender os assuntos. Em geral, eu compreendia a mensagem do professor muito rapidamente e já esperava que prosseguisse para o próximo nível. No entanto, o professor acabava por repetir o assunto, usando outras estratégias didáticas, para auxiliar a compreensão de outros alunos que, mesmo se esforçando, ainda não tinham entendido corretamente. Esse processo lento e gradual de aprendizagem da turma, resultante da diferença na velocidade de processamento e compreensão entre nós, me fazia achar a aula muito desestimulante. A meu ver, o professor deveria seguir em frente e avançar, e os outros alunos é que deveriam se esforçar mais para acompanhar. Nada mais do que uma tola e egoística visão da juventude. Mas a grande lição que eu precisava receber ainda estava por vir.

Quando entrei no doutorado, aos 32 anos, pude experimentar a posição contrária a que sempre tive, pois agora era o aluno de lenta compreensão. Tendo como colegas garotos bem mais jovens e muito melhor preparados, eu não tive a menor chance de acompanhar as aulas no ritmo que eram apresentadas. Foi quando aprendi duas lições fundamentais: A primeira, que mesmo se esforçando ao máximo você pode não compreender os assuntos com facilidade. Ou seja, enquanto outros necessitam apenas de uma hora para entender, você pode precisar de três ou mais. A outra lição, a qual me motivou a trazer essa história a vocês é de o quanto precisamos de professores compreensivos, não para passar a mão sobre a cabeça nos aprovando sem estarmos prontos, mas para reconhecer nossas dificuldades e criar estratégias específicas para o aprendizado. Pois bem, Deus é exatamente assim!

Deus trabalha em nossa vida no devido tempo necessário, nem com atraso, nem com pressa. Ele é paciente com o nosso progresso, submetendo a si mesmo a nossa curva de aprendizado. Da mesma forma como precisamos confiar no professor que nos guia no processo de aprendizado, é fundamental que tenhamos suficiente fé em Deus para colocarmos em suas mãos nossa vida e ser moldados por Ele. A Bíblia destaca que Cristo é “o autor e consumador de nossa fé” (Hb12:2), sendo assim é Deus que faz a obra de nos reeducar para seu reino vindouro. Esse é um processo longo e gradual o qual Deus tem prazer em iniciar e finalizar, como é bem descrito em Filipenses, “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus. ” (Fp 1:6). Portanto, nunca pense que você é quem deve assumir sozinho as rédeas de sua cura e preparação para o Céu, esse trabalho é dirigido por Deus. Nossa contribuição consiste em exercer a escolha de estar em sua presença seja quais forem as circunstâncias.

A importância de exercermos a escolha pode ser ilustrada por um aluno que resolve não estar na escola, nem mesmo o poder criador do universo é capaz de transformar um coração que não escolhe se deixar ser regenerado. Mesmo sendo infinitamente poderoso, Deus não passa por cima de nossa vontade para nos salvar. É a fé em Deus, a permissão necessária para que possa atuar em nossa vida e preparar o nosso caráter para estar no céu. Quando sua vontade se alinha com a vontade de Deus, Ele será paciente para recriar em você o caráter dEle.

Estamos sempre sendo modificados, nunca continuamos os mesmos, cabe a você escolher quem quer como professor. Eu escolhi um professor paciente e atencioso, o meu Jesus, e nunca me arrependi disso. Experimente também!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 12 – Um Deus que usa demonstração

Grandmother And Grandchild Reading Books Outdoors Together Stock ...

Em uma viagem que fiz, uma avó me contou a história de como ensinou sua netinha uma lição sobre o perigo de não seguir os conselhos dela, a qual me surpreendeu pela coragem e sabedoria. A netinha de 5 anos, queria muito tocar em uma lâmpada incandescente que havia na cozinha, em cima da mesa de jantar, que, por ser relativamente acessível despertava seu interesse. Por mais de uma vez, a avó havia flagrado pequenina subindo em cima da mesa pronta a tocar na lâmpada. Após retirá-la, explicava que a lâmpada estava muito quente, e que ao tocar poderia se queimar. Reconhecendo a teimosia de sua neta, e preocupada em ajudá-la a entender o perigo que a tentativa de tocar no objeto brilhante, mas quente, a sábia vovó preparou as condições para a lição que queria passar. Deixou alguns cubos de gelo acessíveis na geladeira e comprou uma pomada para queimaduras, e esperou. Quando sua neta chegou na casa, a anciã deixou a menina sozinha no cômodo com a lâmpada e se escondeu atrás da porta, sem a garotinha perceber. Achando que estava sozinha, entendeu que essa era a grande oportunidade de que precisava. Posicionou a cadeira e subiu, em seguida, se pôs sobre a mesa. Era tudo o que ela queria. A lâmpada estava logo ali. Ou melhor, a estrela brilhante que, segundo sua imaginação, a levaria para um lindo conto de fadas. Bastava ela tocar. E foi exatamente o que se esforçou para fazer. Ficou na pontinha das sapatilhas rosa, e conseguiu sentir o objeto desejado. No entanto, foi surpreendida pela dor resultante do calor e soltou um belo grito de dor! A avó, que já estava de prontidão, pegando sua netinha no colo se dispôs a passar gelo, e depois a pomada, nos dedinhos vermelhos da netinha. No fim, não deixou de explicar que a garotinha deveria ter ouvido os conselhos pois a vovó a amava muito.

Apesar de nos causar um temor, a estratégia usada pela vovó para ensinar a lição pretendida, fazendo uso de uma demonstração pode ser uma boa analogia da maneira divina de ensinar os males de nos desviar do modo de vida para o qual fomos planejados por nosso criador.

Quando Adão foi criado, tudo era novo, a vida era uma experiência contínua. Cada aroma, as cores, as luzes, as texturas, eram maravilhas indescritíveis. Mas a sua primeira visão foi de Deus. A imagem de Deus a sua frente foi a primeira a percorrer seus circuitos neurais. Então, Deus se apresenta como o criador de tudo, inclusive do próprio Adão. E este, em profundo sentimento de agradecimento o reconhece como o seu Deus. Deus era o seu criador e ele reconhecia que sua vida não era algo que ele havia conquistado, mas que havia sido lhe dada. Esse ato de amor, de um Ser que não precisava de Adão, mas queria apenas que ele fosse feliz plenamente, ou seja, em toda a potência de felicidade que lhe era possível, o motivou a seguir Deus como o seu Senhor. Portanto, o primeiro ato de Fé de Adão foi aceitar Deus como o seu criador e Senhor sem haver testemunhado qualquer ato criativo. Dessa maneira, podemos entender que, mesmo antes de o pecado se instalar na vida humana, o justo já vivia pela fé como está em Hebreus 10.38. Mas havia outra ação de fé requerida a Adão. Ele precisava aceitar que a vida só seria possível em obediência a Deus, não porque Deus o puniria, mas porque Ele é a fonte da vida, e somente ligados a Deus podemos viver. Tentar viver sem Deus é querer assumir o seu lugar como seres autossuficientes. Nesse momento Deus diz: “mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”.”(Gênesis 2:17) Já essa lição, iria requerer uma demonstração mais efetiva que cobraria um preço muito mais caro que queimar os dedos em uma lâmpada quente.

Timeline of Jesus' Death and CrucifixionMesmo após testemunhar a morte de animais, do próprio filho e o lento definhar da sua própria vida, Adão, segundo a bíblia, voltou ao pó. Ele não deixou de existir completamente, como é o caso daquilo que a Bíblia chama de segunda Morte, pois a morte experimentada pelos seres vivos é tratada no texto sagrado como um sono, mas a Morte absoluta, resultante da profunda separação de Deus só foi observada na vida de um único ser, Jesus. Essa foi a lição que Deus nos deu através de uma demonstração que cobrou o preço em sua própria carne.

Diferentemente da história da vovó e da netinha, a dor da demonstração da lição não recaiu sobre o ser humano, apenas, a maior dor foi sentida por Deus quando a trindade sofreu a separação em si mesmo ao Jesus tornar-se pecado por nós (2 Cor 5.21).

Com o objetivo de demonstrar que a morte é o resultado da separação de Deus e não uma penalização imposta pelo próprio Deus, Ele enviou o seu filho. Ao se tornar pecado por nós, Jesus experimentou a separação de Deus que todos sofreremos quando a história desse mundo findar e tivermos decidido em quem vamos confiar. Se em Deus ou em nós mesmos!

Na vida de Cristo vemos o caráter de Deus e na morte de Cristo vemos o caráter do pecado. Um dia desejamos ser deuses no lugar de Deus, no fim, poderemos decidir se queremos continuar sendo deuses que não tem vida em si mesmos ou aceitaremos a Jesus como o nosso Deus, doador da vida e que aceitou sofrer a dor do pecado para reconquistar nossa confiança. Nesse sentido é que a Bíblia diz que nós temos a morte, Ele tem a vida e Ele aceitou a morte para que tivéssemos a vida.

A lição foi demonstrada, agora a escolha nos é ofertada. Cabe a você decidir!

O único confiável!

Patrocínio Online - Notícias de Patrocínio - MG

“Ele é corrupto!”, “É a nossa melhor opção!”, “Já foi até condenado na justiça!”, “Busca os próprios interesses!”, “Veja o que ele fez por nós!”, “Nunca foi pego em nada errado!”, Essas são frases cada vez mais comuns em meio ao debate político tão frequente ao vivo, em redes sociais e até em reuniões de família. Debates e choques sobre política sempre ocorreram, mas ultimamente, histórias de cismas e discussões, que muitas vezes recaem em violência, se multiplicam. Sem necessariamente avaliar os temas em questão, gostaria de refletir sobre uma das motivações subjacentes: A insegurança!

Em um mundo confuso e cada dia mais incerto, todos precisamos de uma boia salva vidas, um lugar seguro onde ancorarmo-nos e resistir aos ventos de um futuro oculto nas nuvens do tempo. E as vezes esses meios de segurança são líderes políticos, escolhidos em virtude de compartilharmos de um regime democrático. Sendo assim,  estamos sempre em busca de um líder político onde nos sintamos seguros. Mas isso é possível? Muitas vezes a história nos mostrou que homens vistos como símbolos de força, integridade e caráter, nos surpreenderam com erros, corrupção e mentiras. Por outro lado, isso nunca nos impediu de continuar em busca da segurança de um bom líder, mesmo que às vezes, o máximo que obtenhamos é uma jangada cuja estabilidade é baseada em amarras frágeis sem quaisquer garantias que nos deixará seguros. No caso dos nossos líderes, as amarras frágeis que geram insegurança nunca poderão ser substituídas, pois jamais teremos provas concretas de quem realmente ele é.

Uma das maiores armadilhas de nossa realidade, no que diz respeito ao sentimento de segurança, é que nunca conhecemos verdadeiramente o outro. E tal insegurança cresce exponencialmente quando falamos de pessoas públicas, pois em vista de fazer com que sua imagem seja boa, muitas constroem um projeto de apresentação de si mesmos que pode ser tudo, mas nunca plenamente confiável. E aí jaz nossa insegurança. Como resultado, assim como lutamos para proteger nossa jangada sobre um oceano de ameaças, segurando as toras, refazendo as amarras e afastando qualquer perigo, protegemos os líderes políticos, defendendo suas ações, escolhas e projetos. Pois sem nosso esforço, a insegurança aumentará e o líder escolhido não mais será aquele em quem poderemos confiar.

Em um mundo utópico, seria ótimo se houvesse uma forma de conhecermos absolutamente os nossos líderes e então podermos seguir adiante com eles controlando o leme. Mas esse mundo não existe, pelo menos no que diz respeito a confiar em outros homens. E nesse contexto, o texto do profeta Jeremias é muito enfático “Assim diz o Senhor: “Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor.” ” (Jeremias 17:5). É verdade, a proposta cristã é dura em afirmar que nunca obteremos a tão sonhada segurança em líderes humanos. Mesmo que tudo o que você saiba sobre ele seja bom, sempre haverá uma chance de ser traído ou que o caráter do seu líder seja corrompido pelo poder. Então, estamos em um beco sem saída? Não podemos confiar em ninguém? Sim e não! Sim, porque não há um homem isento de falhas, seja no seu passado ou no futuro por vir. Mas há um líder, que já provou seu caráter e conquistou todos os de coração sincero que se encontraram com ele. Jesus tem o que nenhum líder pode te oferecer, a absoluta confiança de que ele é verdadeiramente bom.

O Cristo apresentado pelas Escrituras foi alguém que tem literalmente tudo. Ele é Deus! Portanto, não precisou ou precisa de mim e de você. Todas as suas ações são unicamente motivadas pelo seu caráter, o AMOR, um profundo desejo que preenche todo o ser de Deus em fazer os seres criados felizes. Jesus nos ensinou que mesmo tendo todas as razões para nos rejeitar, pois nós o expulsamos do controle de nossas vidas quando escolhemos seguir uma outra estratégia de felicidade, ainda assim aceitou se desfazer de tudo o que tinha e vir em nosso resgate “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:6-8)

Jesus nos ensinou que ele é o único líder em quem obtemos a tão sonhada segurança. Além de ter se esvaziado para nos buscar no fundo do abismo da incerteza e insegurança, nunca falhou conosco, pelo contrário, criou um mundo inteiro na forma de um lindo jardim para habitarmos em harmonia com os animais e a natureza e quando estávamos acuados pela insegurança da separação, começou um plano para reconquistar nossa confiança. Pense, um líder com o poder de Jesus, como Deus, poderia simplesmente exigir o apoio de suas criaturas, independente de como ele agisse, no entanto, Jesus se fez homem, para que, como homem apresentasse seu caráter a nós e conquistasse, não uma obediência cega, mas o nosso amor.

Caro leitor, quando você ver pessoas que lutam por personalidades públicas, saiba que você tem a escolha de seguir um líder que abraçou leprosos, chorou com viúvas, alimentou povos, protegeu quem havia vindo prendê-lo, pediu perdão para os que o crucificavam, festejou casamentos e perdoou quando podia condenar. Por fim, isso nos ajuda a entender que tipo de vida Jesus nos propõe: “eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10:10) e essa vida plena é o resultado de confiar de olhos fechados em um líder que não erra, não falhou e não falhará. Um líder que sabe que ainda estamos em um planeta mergulhado em lágrimas de angustia e dor e por isso prometeu “”Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.” (João 14:1-3). Esse é um líder por quem vale a pena viver. Que nossa batalha política seja por apresentar o caráter de nosso amado e confiável Jesus.