Ele, um jornalista criminalista formado em direito na universidade de Chicago, ao saber da conversão de sua esposa ao cristianismo, decide usar toda a sua habilidade de investigação para esclarecer quão frágil e mentirosa é essa nova visão de mundo de sua esposa. Porém, após viajar e entrevistar diversos pensadores, entre escritores, cientistas e professores, e testemunhar o efeito positivo dessa crença sobre a personalidade de sua esposa, só lhe resta aceitar, e não somente aceitar, mas abraçar essa fé cristã. Desde então, passou a defendê-la nos círculos intelectuais mais exigentes. Seu nome é Lee Strobel, autor de dois livros famosos sobre defesa da fé: Em Defesa da Fé e Em Defesa de Cristo.
Professor de literatura na universidade de Oxford, ateu convicto até a vida adulta, quando, depois de ser apresentado à fé cristã por colegas professores e livros sobre a fé cristã, especialmente os de G. K. Chesterton, se converteu e passou a difundir o cristianismo nos meios acadêmicos e por meio de seus livros, como Cristianismo Puro e Simples, O Problema do Sofrimento, etc.
Um psiquiatra reconhecido, autor de uma teoria sobre formação de pensamentos chamada Inteligência Multifocal e ateu convicto, ao se propor a fazer uma análise psicológica sobre a inteligência de Jesus, compreende que o Mestre era muito mais do que um homem comum e resolve aceitar a fé cristã e apresentá-la aos outros. Augusto Cury, ao finalizar sua pesquisa, escreve a série de livros que o tornariam uma celebridade no meio acadêmico e popular: Análise da Inteligência de Cristo.
Lee Strobel, C. S. Lewis e Augusto Cury não são melhores que todos os outros ateus e não ateus que se converteram à fé cristã, porém, eles representam uma classe diferenciada de pessoas. Aquelas cujo grau de exigência para a aceitação de uma nova ideia é muito mais rigoroso e, por isso, carente de uma argumentação mais lógica e profunda e de um conjunto de informações mais amplo.
Para reconhecer que o cristianismo era digno de sua atenção e, mais do que isso, de seu reconhecimento de validade, foi necessário que a doutrina de Jesus demonstrasse que era capaz de atender a seus anseios e de dar uma interpretação da realidade muito melhor do que aquelas que lhes foram apresentadas nos meios acadêmicos. Mesmo que isso não confira ao cristianismo o status de verdade, já é uma evidência de seu poder em satisfazer critérios exigentes de mentes rigorosas.
O cristianismo não é um conjunto de práticas religiosas que atraem mentes fracas o suficiente para se deixar ser convencidas por falácias contadas há mais de dois mil anos, mas é a VERDADE, e nunca deixou de atender àqueles que, sinceramente, a buscam. Como disse Francis Schaeffer em um discurso na universidade de Notre Dame, em 1981, “o cristianismo não é uma série de verdades no plural, mas é a Verdade escrita com V maiúsculo. É a Verdade sobre a realidade total, não apenas sobre assuntos religiosos. O cristianismo bíblico é a Verdade concernente à realidade total; é a propriedade intelectual dessa Verdade total, e então vive segundo essa Verdade”.
Casos como os desses pensadores nos alertam para a necessidade de uma difusão da fé cristã mais pautada no rigor lógico, que trate dos anseios tanto físicos quanto intelectuais, de dar uma significação ao mundo no qual estamos inseridos, que faça sentido, que tenha valor e apresente um propósito para nossa existência. Pois é por serem apresentados a um cristianismo mais semelhante a um conto de fadas, desprovido de contato com a realidade, que muitos não têm resistido no caminho da fé cristã e outros não têm atendido ao convite para o aceitarem.
Esse problema é bem expresso por Willian Craig, possuidor de dois doutorados em prestigiosas universidades, em Filosofia e Teologia, em seu livro Ensaios Apologéticos: “O cristianismo está reduzido a apenas uma voz em meio a uma cacofonia de mensagens competidoras, nenhuma das quais objetivamente verdadeira.”
Há uma classe de pessoas no interior das universidades que tem sido abandonada a sofrer com os ataques de pessoas secularizadas que não apenas compartilham da fé cristã mas têm uma verdadeira aversão a ela. E nós, como aqueles que buscam seguir o conselho bíblico do apóstolo Pedro, contido em I Pe 3:15, temos o desafio: “Entreguem-se aos cuidados de Cristo, seu Senhor, e se alguém perguntar acerca da esperança que vocês têm, estejam preparados para contar-lhe, e façam-no de uma maneira amável e respeitosa.”
Ou de Paulo, em 2 Coríntios 10:4, 5: “As armas que usamos não são humanas; ao contrário, são poderosas armas de Deus para derrubar fortalezas. Essas armas podem derrubar todo argumento e pretensão contra o conhecimento de Deus. Com essas armas podemos dominar todo pensamento humano para torná-lo obediente a Cristo. E usaremos tais armas contra todo ato de desobediência, quando estivermos completamente obedientes a Deus.”
Ou ainda de Paulo, em Tito 1:9: “Sua crença na verdade que lhes foi ensinada deve ser forte e firme, a fim de que possam ensiná-la aos outros e mostrar aos que discordam deles onde é que estão errados.”
Precisamos nos preparar e formar os jovens que enfrentarão essa batalha de ideias postados na trincheira onde os ataques são mais violentos.
Além do fortalecimento intelectual de cristão e de sua capacitação para o ensino da Palavra, outra razão deve nos motivar a levantar a voz e apresentar um cristianismo intelectualmente forte e capaz de responder aos nossos principais anseios: é que as ideias construídas nos meios acadêmicos acabam por forjar a cultura das gerações seguintes. Portanto, dependendo de como o cristianismo for tratado na academia, o ambiente no qual a mensagem cristã será ouvida pelas futuras gerações será mais ou menos favorável à sua aceitação. Essa motivação é bem descrita por William Craig, em Ensaios Apologéticos, página 25:
“A tarefa maior da apologética cristã é auxiliar na criação e sustentação de um meio cultural no qual o evangelho possa ser ouvido como uma opção intelectualmente viável para homens e mulheres que valorizam a razão. É plenamente aceitável, portanto, que a apologética consistente é um ingrediente necessário para o desenvolvimento de um meio no qual a evangelização possa ser feita de maneira mais eficiente, na sociedade contemporânea e nas demais sociedades por ela influenciadas.”
Por essas razões, devemos buscar uma atividade mais proativa no sentido de nos preparar e ajudar a outros a falar e viver com coerência a fé cristã.
Editado por Michelson Borges