Você já sentiu o prazer de ordenar ou organizar algo? A princípio, quando olha o tamanho do caos que precisa ser ordenado, há certo desânimo. Por exemplo, no meu caso, ao fim de um semestre letivo, após aulas preparadas e projetos desenvolvidos, tanto meu escritório como meu computador precisam ser limpos e ordenados. No início eu resisto um pouco, mas ao finalizar a tarefa há um senso de satisfação e admiração do resultado que faz todo o trabalho valer a pena. Mas por que valorizamos a ordem? Por que estamos constantemente em busca de catalogar, organizar e ordenar locais, objetos e atividades? É verdade que a ordem promove a eficiência produtiva, mas creio que há uma beleza inerente na ordem que inspira e causa essa apreciação em todo o ser humano. Tal beleza parece também estar incutida na própria natureza humana que impulsiona o homem a buscar, identificar e valorizar a ordem. Além disso, a ordem inspira um senso de bem-estar e controle que nos motiva a seguir em frente. De onde viria essa necessidade e prazer pela ordem? O cristianismo apresenta uma visão que tanto explica a origem dessa característica humana como revela mais um aspecto interessante do caráter de Deus.
Segundo a Bíblia, somos a imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26), portanto, poderíamos presumir que nossa admiração e busca pela ordem possa ser um traço do caráter que compartilhamos com o criador do universo. Essa suposição encontra suporte bíblico em diversas passagens que descrevem as ações de Deus, especialmente em seu ato criativo. Ao descrever o estado primário da Terra antes de Deus começar a prepará-la para receber vida, o texto sagrado afirma que ela “estava sem forma e vazia” (Gn 1:2), um estado desordenado e sem propósito. Desse momento e pelos próximos 3 dias, Deus se dedica a preparar a Terra para ser preenchida com vida. No primeiro, Deus faz a Luz, no segundo, os oceanos e, no terceiro, a terra seca e as plantas. Podemos compreender que esses são espaços vazios a serem preenchidos. Os próximos três dias serão dedicados a criação dos seres que ocuparão esses espaços. No quarto dia, são criados o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto, Deus preenche os oceanos com seres marinhos e os céus com pássaros; e no sexto dia aparecem os animais e o homem. Sendo que o último dia, o sétimo, é criado com um único fim, já que nada fora criado nele, o de ser o dia para o homem se relacionar com seu amável e ordenado Deus. Sem me ater a uma descrição pormenorizada do significado de cada um desses atos criativos, gostaria de ressaltar o caráter ordenador do criador ao trabalhar e organizar sua criação afim de que cada peça apareça encaixada em sem ambiente. Deus prepara o presente para receber o futuro.
Além da criação em geral, ao pensarmos sobre a criação do homem, observamos um Deus que põe ordem ao usar uma substância sem forma e fim, o pó da terra (o barro), para formar um ser racional e que reflita seu caráter (Gn 2:7). Esse é o maior milagre, a criação, a partir do caos, de um ser capaz de pensar, sentir, escolher, raciocinar e amar. Muitos anos depois, Deus, mais uma vez, demonstra seu caráter de ordenador ao resgatar um povo escravizado, sem identidade, sem amor próprio e embrutecidos pela pesada carga que carregava por cerca de 400 anos (leia essa história no livro de Êxodo), e os transforma em uma sociedade com um sofisticado sistema de adoração, leis sanitárias e civis. Tais ações apenas confirmam a declaração: “O domínio e o temor pertencem a Deus; ele impõe ordem nas alturas, que a ele pertencem.” (Jó 25:2).
Já em nossa era, Jesus revelou o caráter de um Deus ordenador de vidas ao reunir um grupo de homens rústicos, na maioria iletrados, sem propósito especial, além de viver e sustentar sua família, em líderes de um movimento tão ambicioso que pretendeu apresentar o poder, a misericórdia e o amor de Jesus ao mundo inteiro. Com esse feito, Jesus apresentou Deus como um ser capaz de transformar mais do que uma substância inanimada, mas como o reordenador de vidas inteligentes. Deus mostrou poder organizar a vida de seres autônomos e inteligentes com propósito e sentido!
Através da compreensão que Deus é um ser de ordem e que põe ordem, podemos reconhecer que ninguém melhor do que ele possui a potência de poder ordenar o caos em que muitas vezes vivemos. Sabe aquele momento que sua vida parece mais emaranhada do que o carretel de linha com que uma criança brinca? Ou quando você olha para si e se sente sem forma e vazio? É exatamente aí que Deus pode atuar com domínio de causa. Ele chega, organiza e dá vida ao que antes era trevas, caos e desordem. Portanto, até que o ser humano seja capaz de pegar um punhado de barro e tornar-lo um ser capaz de amar, sempre haverá um melhor candidato para ocupar a função de ordenador de vidas. Ele se chama Jesus!
Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .