Quem é o Eu Sou? 5- Um Deus que se interessa.

Para você, Deus se interessa ou não por nós? Uma resposta que tem alcançado muitos adeptos supõe que não. O Deísmo, é uma visão de mundo que até aceita a existência de um ser todo poderoso e/ou criador do universo, mas que a partir do momento que criou tudo o que existe, pelo menos em sua forma primária, deixou que seguisse suas próprias leis e não mais interfere em sua criação. Portanto, qualquer tentativa de estabelecer uma comunicação com esse ser superior seria inócua e irrelevante. A pergunta que deveríamos fazer deve ser então: Seria o Deus apresentado pelo cristianismo esse tipo de ser? Será que o “Eu sou” se encaixa com esse perfil? Está Deus longe e desinteressado por nós ou deseja ele se comunicar conosco? Vejamos o que diz o livro de Hebreus:

Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas,
mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo.” Hb 1:1,2

O escritor bíblico destaca duas informações fundamentais, a primeira é que Deus deseja e busca se relacionar conosco. Relacionamento este que se fundamenta na revelação de si mesmo, inicialmente através de seus profetas e em seguida através de seu próprio filho, que é a imagem dele mesmo, na medida que Jesus é um membro da trindade. A segunda parte do texto destaca que o Filho, que veio revelar o Pai, é coautor de todo o universo. Portanto, dissociar o amor e doçura de Jesus do criador de tudo é uma negação direta da verdade bíblica. Para exprimir ainda de maneira mais clara o interesse do Pai e criador por nós a Bíblia apresenta:

“Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: “Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito.Isaías 57:15

Em apenas um versículo duas características de Deus se harmonizam perfeitamente. Ao mesmo tempo que é tão poderoso, que possui o universo inteiro em suas mãos, ele manifesta um profundo e particular interesse por cada ser vivo de maneira a se preocupar com cada alma sedenta de sua presença.  Desta forma, a questão agora não é se esse Ser está ou não disposto a ter um relacionamento conosco, mas se nós seremos capazes de descer do alto e sublime trono que construímos para habitar junto de Deus. Será que quando assumimos o deísmo como visão de mundo isto não é apenas a manifestação de nosso desejo de que Deus não estivesse interessado em nós somente para que não precisássemos ter que escolher entre aceitar ou não o seu convite de amizade? Me desculpe te dizer, mas Deus, Jesus e o Espírito Santo já fizeram tudo o que podiam para melhorar esse relacionamento, isso não podemos negar, a decisão agora é nossa. Deus não é um criador que nos criou e deixou-nos a viver em um mundo tão problemático e dolorido como esse. Tal ser seria um sádico, que mesmo conhecendo o sofrimento de todos e tendo o poder de fazer algo ainda escolhe se omitir.

É, eu sei, começar um relacionamento novo é muito difícil. Mas eu gostaria de lembrar você que aquele que o está convidando conhece cada detalhe de sua vida, ele conhece seu mais sombrios defeitos, contudo, ainda quer estar ao seu lado, ainda quer ser seu amigo, melhor, quer cuidar de você, literalmente te amar. Portanto, será o relacionamento mais franco e transparente que poderia ter. Você não precisa fingir ser o que não é. Mas é só deixar se transformar segundo a imagem e semelhança de seu novo companheiro. Não há o que temer. A mão dele está estendida a você, estenda a sua.

Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!” Lucas 12:7

 

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 4- Deus é todo poderoso!

“Quem é Deus?” Essa pergunta acompanha-nos desde sempre, e apesar de saber que a resposta completa estaria muito além de nossa capacidade, nós continuamos a pensar sobre ela. Mas nesse momento, eu gostaria de fazer uma pergunta secundária: Qual é a primeira resposta que costumamos receber? Não sei se concorda, mas eu costumo ler e ouvir com frequência que: Deus é todo poderoso! É o poder ilimitado de Deus a característica mais utilizada para representá-lo. São muitas as músicas e poemas que exaltam seu poder. A própria Bíblia descreve seu infinito poder em diversas passagens “Grande é o Senhor e muito digno de louvor; e a sua grandeza, inescrutável.” Sl 145:3, ou “Porque para Deus nada é impossível.” Lc 1:37. Portanto, segundo esses versos, o poder de Deus não é só infinito, mas é uma razão para o louvarmos. Em outra passagem o profeta Isaías declara quão pequeno somos em comparação a grandeza de Deus ao descrevê-lo como: “Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites dos céus? Quem jamais calculou o peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas nos seus pratos?” Is 40:12. O próprio Deus se apresenta de forma superlativa, tanto no tempo como no espaço; “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” Ap 1:8. Junte a isso o fato da Bíblia utilizar como expressão identificadora do Deus judaico-cristão uma referência a criação do mundo “fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas” Ap 14:7 e Ex 20:11. Mas vai além, pois para o texto sagrado Deus não possui apenas o poder para criar todo o universo, mas também é o sustentador de tudo “E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e dar força a tudo.” I Cr 29:12. Pois bem, é evidente que o imenso poder de Deus é uma marca definidora de sua identidade, mas seria essa característica o que o torna TODO PODEROSO?A resposta é  NÃO!

A justificativa para declararmos que não é o poder de criar e sustentar todo o universo apenas  que faz de Deus o todo poderoso pode ser compreendido através da pergunta: Como seria o governo do universo caso Deus, tendo todo o poder que possui, tivesse o caráter de um tirano como Adolf Hitler ou de Joseph Stalin? O estado de espírito que permearia o cosmos seria o medo e não o amor, o que impediria qualquer forma de felicidade. Portanto, o quadro descrito por essa sugestão demonstra que mesmo possuindo todo esse poder, mas sem amor, Deus não seria capaz de criar um governo de completa felicidade.

Dessa maneira, o que torna Deus o todo poderoso é o seu caráter. Pois é esse caráter de amor (ver o artigo dessa série: Deus é amor!) que faz com que Deus submeta todo seu imenso poder a um único propósito; servir e abençoar todos os seres criados de forma a produzir o mais alto grau de satisfação e felicidade. Como consequência, as criaturas de Deus estarão cheias de confiança, gratidão e amor, e desejarão se entregar em uma relação de completa submissão e entrega a esse Deus que é amor. Isso nos leva a mais forte razão para declararmos Deus o Todo poderoso, pois há uma coisa que todo o poder inimaginável de criar e sustentar o universo não pode conquistar: O amor de seres inteligentes e livres! Sem o caráter de amor que Deus possui ele não receberia, mesmo ameaçando com sofrimento ou a morte, o sincero amor de suas criaturas. Tal somente é conquistado pelo seu caráter. Ao experimentarmos o poder de Deus a serviço de seu caráter é que lhe retribuímos em amor! Nesse contexto as palavras do profeta Zacarias ganham uma significação muito mais profunda: “Esta é a palavra do Senhor para Zorobabel: ‘Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos.” Zc 4:6.

Que de agora em diante, seja o caráter de Deus aliado ao seu infinito poder que nos motive a amá-lo, segui-lo e reconhecê-lo como o TODO PODEROSO!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 1- Deus espera que você use a Razão

Segundo a Bíblia, os seres humanos se diferenciam de toda a criação especialmente por uma característica: foram criados a imagem e semelhança de Deus (Gn. 1:26). Portanto, se considerarmos que a capacidade de julgar, avaliar e pesar evidências, ou seja o uso da razão, é nossa principal habilidade distintiva, poderíamos compreender que Aquele que nos criou segundo Sua imagem também é um ser cujo uso da razão é essencial em sua natureza.

Considerando que o cerne de toda experiência religiosa é estabelecer uma relação com o transcendental, e sendo que nós e Deus somos distinguidos pelo uso da razão, a próxima pergunta natural a fazermos é: Como seres racionais se relacionam? A resposta a essa questão pode ser iluminada pelo livro do profeta Isaías: “‘Venham, vamos refletir juntos’, diz o Senhor” Is 1:18. Deus nos convida a pensar junto com Ele! Portanto, esse texto simples, mas revelador, descreve o desejo de Deus de construir uma relação com a humanidade fundamentada no uso da razão e no exercício da reflexão. Dessa forma, ao nos comunicarmos com Deus de forma alguma ele deseja que deixemos de lado o uso da razão, mas deseja que a usemos.

Uma outra evidência a favor da necessidade do uso da razão em nossa comunicação com Deus está na forma como ele resolveu se manifestar a nós. Segundo a compreensão tradicional, Deus se revela de duas formas principais; a primeira é conhecida como revelação Geral. Segundo essa visão Deus manifesta suas características através da sua natureza, através de suas leis e princípios “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis;” Rm 1:20. Porém, para que possamos distinguir corretamente os traços do caráter de Deus em sua natureza é fundamental o exercício da razão. Somente através de uma reflexão sobre sua obra poderemos ser capazes de entender melhor alguns traços do Criador. Além disso, há outra forma que Deus se revelou a humanidade. A Bíblia, a revelação especial, descreve com maior precisão os atributos de Deus e sua forma de interagir com o homem. Contudo, para alcançarmos essa revelação é necessário que façamos também uma reflexão e estudo de seu conteúdo. Sendo assim, as duas maneiras de Deus se apresentar conosco e conquistar o nosso interesse se fundamentam no uso da razão.

Um outro aspecto fundamental no uso da razão em nossa comunhão com Deus é que dessa maneira Deus respeita nossa individualidade e garante a liberdade dos seres inteligentes. Deus não força nossa resposta a sua manifestação mas espera que façamos a escolha de permitir uma relação inteligente com Ele. Esse respeito e consideração por nós é expresso em: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.” Ap 3:20. Essa consideração do Criador demonstra que nossas dúvidas e questionamentos sempre serão bem vindos. Deus estará sempre disposto a nos explicar e indicar o caminho, mas nunca nos forçará a segui-lo.

Ao considerarmos as implicações desta visão poderíamos entender que qualquer experiência religiosa que não esteja fundamentada no uso da razão ou que a suprima não permitirá a plena interação entre seres inteligentes e Deus. Dessa forma, todas as manifestações religiosas com o Deus da Bíblia devem ser construídas com vista a promover o uso da reflexão e razão.

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Todos somos culpados, até que aceitemos o contrário

Ao pensar e ler sobre a frase: “Todos são inocentes até que se prove o contrário” conhecido como “Princípio da inocência presumida” – muito comumente ouvida quando o assunto em questão é o dolo suposto de alguém, descobri que ela retrata uma garantia processual penal presente no artigo 5º na constituição de 1988. Essa garantia visa proteger todo acusado de um julgamento e condenação antecipados, sem o devido processo que permita uma avaliação justa mediante provas contra e a favor de sua condenação. Dessa forma, o acusado de um delito é considerado previamente inocente até que todo o rito processual seja finalizado e sua sentença final seja pronunciada e só então, caso condenado, possa sofrer as devidas sanções punitivas. Esse texto, em seu uso popular, tem sido aplicado como um princípio essencial da filosofia humanista. O ser humano, por ser considerado essencialmente bom, ou de outra maneira, naturalmente guiado por boas motivações, é inocente e nada mais que uma vítima das circunstâncias que o cercam. Sendo assim, se modificarmos as condições, temos a garantia de que o homem sempre produzirá bons frutos. Essa visão super-positiva da natureza humana não explicaria a trilha sangrenta deixada na história da humanidade através de toda barbárie já registrada. Além disso, não explica também os inúmeros pequenos episódios diários de crueldade e egoísmo que em muito superam as ações altruístas que observarmos no lidar diário. O fato é que não podemos de pronto desconsiderar esses comportamentos e apenas declarar o ser humano como uma mera vítima das condições, e não o principal responsável pela dor e sofrimento observados. A interpretação humanista não consegue lidar com a existência, amplitude, profundidade e perpetuação do mal. E o cristianismo, como lida com a malignidade do coração humano?

Para o cristianismo, ao contrário de sermos primordialmente inocentes, somos generalizadamente culpados (Rm 3:23), ou seja, há algo em nós, uma forma de infecção do mal, que nos motiva a agir prioritariamente com o fim da satisfação própria. Para ser mais fiel à descrição bíblica da realidade, a proposta presente na Bíblia é de que o homem possui duas naturezas antagônicas, uma delas introduzida por Deus (Gen. 3:15), que ainda nos direciona a agir de maneira amorosa visando o bem alheio. Entretanto, mesmo a presença desta força motivadora positiva não nos faz inocentes perante um Deus que sonda os corações. Portanto, para o cristianismo, deveríamos reescrever o início do princípio de inocência presumida: “Todos somos culpados …”. E o final, como o completaríamos a partir da visão cristã?  Será que poderíamos finalizar com o “até que se prove o contrário.” Precisamos provar que somos inocentes? Ou então teremos que enfrentar as punições pela culpa?   É aqui que acontece a “mágica” do amor de um Deus, que Ele mesmo é amor (I Jo 4:8).

Deus, mesmo sendo inocente e vendo claramente a malignidade do coração humano escolhe, por simples amor, assumir as consequências e efeitos da culpa humana apenas com o fim de declarar o homem inocente. Ele possui e conhece todas as razões para nos culpar, mas escolhe nos oferecer a salvação. Muitos acusam o cristianismo de imprimir angústia e sofrimento ao homem fazendo ele carregar o peso da culpa ao declará-lo culpado e essencialmente mau. Mas esquecem de um fato corriqueiro em nossas vidas; o médico precisa primeiro conscientizar o paciente de seu estado enfermo antes de iniciar o tratamento. Pois da mesma forma que o cristianismo apresenta a escuridão da alma humana, apresenta o remédio. A completa substituição desse coração enfermo (Eze 11:19). O humanismo falha ao nos declarar inocentes e não apresentar uma solução eficaz para a malignidade disseminada na humanidade. Que o cristianismo nos condena é verdade, mas nos oferece a cura. Só nos resta então aceitar. Portanto, na visão bíblica, não somos culpados que precisam demonstrar inocência, mas apenas aceitá-la. Sendo assim, sob a ótica cristã, o princípio poderia ser reescrito como: “Todos somos culpados, até que aceitemos o contrário!”

Deus, Ciência e as Grandes Questões: Uma conversa com três das maiores mentes acadêmicas cristãs vivas.

Atenção: Embora não concordando com todos os pontos de vista levantados, a reflexão e os pensamentos apresentados são poderosas ferramentas para fundamentar mais solidamente a fé cristã.

Apresentando o cristianismo em toda a sua grandeza

Ele, um jornalista criminalista formado em direito na universidade de Chicago, ao saber da conversão de sua esposa ao cristianismo, decide usar toda a sua habilidade de investigação para esclarecer quão frágil e mentirosa é essa nova visão de mundo de sua esposa. Porém, após viajar e entrevistar diversos pensadores, entre escritores, cientistas e professores, e testemunhar o efeito positivo dessa crença sobre a personalidade de sua esposa, só lhe resta aceitar, e não somente aceitar, mas abraçar essa fé cristã. Desde então, passou a defendê-la nos círculos intelectuais mais exigentes. Seu nome é Lee Strobel, autor de dois livros famosos sobre defesa da fé: Em Defesa da Fé e Em Defesa de Cristo.

Professor de literatura na universidade de Oxford, ateu convicto até a vida adulta, quando, depois de ser apresentado à fé cristã por colegas professores e livros sobre a fé cristã, especialmente os de G. K. Chesterton, se converteu e passou a difundir o cristianismo nos meios acadêmicos e por meio de seus livros, como Cristianismo Puro e SimplesO Problema do Sofrimento, etc.

Um psiquiatra reconhecido, autor de uma teoria sobre formação de pensamentos chamada Inteligência Multifocal e ateu convicto, ao se propor a fazer uma análise psicológica sobre a inteligência de Jesus, compreende que o Mestre era muito mais do que um homem comum e resolve aceitar a fé cristã e apresentá-la aos outros. Augusto Cury, ao finalizar sua pesquisa, escreve a série de livros que o tornariam uma celebridade no meio acadêmico e popular: Análise da Inteligência de Cristo.

Lee Strobel, C. S. Lewis e Augusto Cury não são melhores que todos os outros ateus e não ateus que se converteram à fé cristã, porém, eles representam uma classe diferenciada de pessoas. Aquelas cujo grau de exigência para a aceitação de uma nova ideia é muito mais rigoroso e, por isso, carente de uma argumentação mais lógica e profunda e de um conjunto de informações mais amplo.

Para reconhecer que o cristianismo era digno de sua atenção e, mais do que isso, de seu reconhecimento de validade, foi necessário que a doutrina de Jesus demonstrasse que era capaz de atender a seus anseios e de dar uma interpretação da realidade muito melhor do que aquelas que lhes foram apresentadas nos meios acadêmicos. Mesmo que isso não confira ao cristianismo o status de verdade, já é uma evidência de seu poder em satisfazer critérios exigentes de mentes rigorosas.

O cristianismo não é um conjunto de práticas religiosas que atraem mentes fracas o suficiente para se deixar ser convencidas por falácias contadas há mais de dois mil anos, mas é a VERDADE, e nunca deixou de atender àqueles que, sinceramente, a buscam. Como disse Francis Schaeffer em um discurso na universidade de Notre Dame, em 1981, “o cristianismo não é uma série de verdades no plural, mas é a Verdade escrita com V maiúsculo. É a Verdade sobre a realidade total, não apenas sobre assuntos religiosos. O cristianismo bíblico é a Verdade concernente à realidade total; é a propriedade intelectual dessa Verdade total, e então vive segundo essa Verdade”.

Casos como os desses pensadores nos alertam para a necessidade de uma difusão da fé cristã mais pautada no rigor lógico, que trate dos anseios tanto físicos quanto intelectuais, de dar uma significação ao mundo no qual estamos inseridos, que faça sentido, que tenha valor e apresente um propósito para nossa existência. Pois é por serem apresentados a um cristianismo mais semelhante a um conto de fadas, desprovido de contato com a realidade, que muitos não têm resistido no caminho da fé cristã e outros não têm atendido ao convite para o aceitarem.

Esse problema é bem expresso por Willian Craig, possuidor de dois doutorados em prestigiosas universidades, em Filosofia e Teologia, em seu livro Ensaios Apologéticos: “O cristianismo está reduzido a apenas uma voz em meio a uma cacofonia de mensagens competidoras, nenhuma das quais objetivamente verdadeira.”

Há uma classe de pessoas no interior das universidades que tem sido abandonada a sofrer com os ataques de pessoas secularizadas que não apenas compartilham da fé cristã mas têm uma verdadeira aversão a ela. E nós, como aqueles que buscam seguir o conselho bíblico do apóstolo Pedro, contido em I Pe 3:15, temos o desafio: “Entreguem-se aos cuidados de Cristo, seu Senhor, e se alguém perguntar acerca da esperança que vocês têm, estejam preparados para contar-lhe, e façam-no de uma maneira amável e respeitosa.”

Ou de Paulo, em 2 Coríntios 10:4, 5: “As armas que usamos não são humanas; ao contrário, são poderosas armas de Deus para derrubar fortalezas. Essas armas podem derrubar todo argumento e pretensão contra o conhecimento de Deus. Com essas armas podemos dominar todo pensamento humano para torná-lo obediente a Cristo. E usaremos tais armas contra todo ato de desobediência, quando estivermos completamente obedientes a Deus.”

Ou ainda de Paulo, em Tito 1:9: “Sua crença na verdade que lhes foi ensinada deve ser forte e firme, a fim de que possam ensiná-la aos outros e mostrar aos que discordam deles onde é que estão errados.”

Precisamos nos preparar e formar os jovens que enfrentarão essa batalha de ideias postados na trincheira onde os ataques são mais violentos.

Além do fortalecimento intelectual de cristão e de sua capacitação para o ensino da Palavra, outra razão deve nos motivar a levantar a voz e apresentar um cristianismo intelectualmente forte e capaz de responder aos nossos principais anseios: é que as ideias construídas nos meios acadêmicos acabam por forjar a cultura das gerações seguintes. Portanto, dependendo de como o cristianismo for tratado na academia, o ambiente no qual a mensagem cristã será ouvida pelas futuras gerações será mais ou menos favorável à sua aceitação. Essa motivação é bem descrita por William Craig, em Ensaios Apologéticos, página 25:

“A tarefa maior da apologética cristã é auxiliar na criação e sustentação de um meio cultural no qual o evangelho possa ser ouvido como uma opção intelectualmente viável para homens e mulheres que valorizam a razão. É plenamente aceitável, portanto, que a apologética consistente é um ingrediente necessário para o desenvolvimento de um meio no qual a evangelização possa ser feita de maneira mais eficiente, na sociedade contemporânea e nas demais sociedades por ela influenciadas.”

Por essas razões, devemos buscar uma atividade mais proativa no sentido de nos preparar e ajudar a outros a falar e viver com coerência a fé cristã.

Editado por Michelson Borges

Ideias que respaldam ações

Muitos exemplos de maus cristãos, na verdade, cristãos que agiram ou, supondo seguir sua fé ou conscientes de estar praticando algum erro, são expostos pela mídia popular, levantando, assim, muitas dúvidas a respeito do cristianismo. Nesse momento, muitas vozes reverberam a máxima de que a religião, em especial o cristianismo, não possui qualquer status de verdade, pois seus seguidores são capazes de realizar atos vergonhosos e até criminosos. Mas essas acusações realmente representam argumentos reais contra o cristianismo? Ou seja, o comportamento de indivíduos pertencentes à determinada comunidade atesta que os princípios defendidos por ela são inválidos? A questão pode ser mais bem compreendida se posta por meio de exemplos. Se o raciocínio descrito anteriormente for verdadeiro, seria o mesmo que condenar toda a medicina pelos experimentos cruéis e desumanos cometidos pelo médico Dr. Mengele (1911-1979) com os judeus presos durante o regime nazista, na Segunda Guerra Mundial. Ou definir como falso e prejudicial todo sistema de governo que em seu bojo possuísse um político corrupto. Nesse caso, todos seriam condenáveis. Esses exemplos não implicam que o cristianismo seja verdadeiro, mas demonstram a não existência de relação lógica direta entre as ações de indivíduos e os princípios presentes em suas comunidades.

A fim de estabelecer se um determinado sistema é invalidado por ações erradas, precisa-se questionar se os princípios definidos por tal sistema, seja religioso, político, científico ou filosófico, se harmonizam com as ações condenáveis praticadas por um ser que o representa. Portanto, ao avaliar o caso de cristãos e até líderes religiosos, de serem acusados de roubo, estupro, assassinato, etc., é necessário compreender se os princípios do cristianismo lhes dão suporte lógico, permissão moral ou até motivação.

O cristianismo – Mesmo um leitor superficial e até um não cristão, ao ler o relato dos evangelhos, notará a diferença abissal entre os princípios promulgados por Jesus e o comportamento daqueles cristãos que realizam práticas tão espúrias que são condenáveis pela maioria esmagadora da sociedade.

Para ser mais clara a discrepância, basta observar os dois princípios da fé cristã como resumidos por Cristo (Mt 22:37-39):

  1. Amar a Deus acima de todas as coisas.
  2. Amar o próximo como a si mesmo.

É como uma decorrência lógica de tais princípios que Jesus recomenda que os desabrigados sejam acolhidos, o cuidado com as viúvas e órfãos, e que os famintos sejam alimentados (Tg 1:27 e Mt 6:1-4).

Portanto, não é uma conclusão correta e justa supor a inveracidade do cristianismo com base nos escândalos e crimes envolvendo cristãos conhecidos, ou anônimos, pois essas ações apenas explicitam a incoerência desses indivíduos com o sistema de valores e verdades que representam.

O caso do nazismo – Nesse momento, com uma perspectiva mais amadurecida, seria interessante e esclarecedor analisar as ações do Dr. Mengele, frente aos princípios defendidos pelo nazismo, e não mais com aqueles presentes na medicina, pois a incompatibilidade é explícita, e então perguntar se havia ou não coerência com as ideologias nazistas.

Segundo a compreensão nazista da supremacia ariana, haveria apenas uma raça superior, que poderia invadir e tomar países, bastando que julgasse esse ato benéfico para a manutenção e fortalecimento da raça. Desenvolvimento e aprimoramento da espécie, eis os princípios norteadores das ações do governo de Hitler, como proclamado por ele próprio, e qualquer semelhança com os mecanismos evolutivos não é coincidência. Portanto, torturar, matar ou fazer experimentos com outros seres humanos – de outras “raças”, é claro –, segundo a definição nazista, eram atitudes aprovadas e promovidas, conquanto resultassem no fortalecimento da supremacia alemã. Deduz-se, então, que as práticas cruéis e atrozes do Dr. Mengele nos campos de concentração eram perfeitamente lógicas, com respeito aos princípios nazistas, pois, para estes, qualquer ser que não pertencesse ao corpo dos alemães não deveria ter qualquer consideração, e, segundo eles, esses experimentos serviam para purificar a raça.

No livro Em Guarda, de William Lane Craig, há alguns relatos dos experimentos realizados pelo médico nazista. Uma sobrevivente contou que o Dr. Mengele havia suturado seus mamilos para que ela não amamentasse o seu recém-nascido e, dessa forma, ele pudesse observar em quanto tempo o bebê morreria. Em desespero, ela tentava alimentá-lo com pedaços de pão molhado, mas não obteve resultado. Dia após dia, o bebê perdia peso, sendo sempre monitorado pelo médico. Certo dia, uma enfermeira, secretamente, ofereceu uma saída para que a mulher sobrevivesse, porém, ela deveria aplicar uma injeção de morfina na criança, o que a mataria. A pobre mãe estava resistente, mas a enfermeira a convenceu, afirmando que não havia chance para o bebê, porém, ela poderia sobreviver. Dessa forma, uma mãe foi obrigada a tirar a vida do próprio filho. O médico ficou furioso com o ocorrido e em seguida vasculhou os corpos para encontrar o bebê, com o objetivo de fazer uma última pesagem. Na enciclopédia virtual Wikipédia, é apresentada a seguinte descrição:

“Em suas experiências com seres humanos em Auschwitz, ele injetou tinta azul em olhos de crianças, uniu as veias de gêmeos, deixou pessoas em tanques de água gelada para testar sua resistência, amputou membros de prisioneiros e coletou milhares de órgãos em seu laboratório.”

Um questionamento se faz necessário: Como entender ou aceitar que um sistema que tenha gerado tanta dor e sofrimento possa almejar o status de verdade, sendo que esses atos podem ser deduzidos de seus princípios?

E o ateísmo? – Finalmente, deve-se analisar quais as consequências advindas, caso se parta de uma visão de mundo desarraigada de quaisquer crenças, sejam religiosas ou filosóficas, pois essa é a proposta, segundo seus defensores, do ateísmo. Sob esse ponto de vista, o homem é produto do acaso, ou seja, não há qualquer razão para sua existência, sendo assim, não há qualquer valor absoluto para a vida humana.

Segundo o professor Richard Dawkins, um dos maiores representantes do movimento ateu, “no final, não há nenhum designo, nenhum propósito, nenhum mal, nenhum bem, nada mais do que uma insípida indiferença. […] Somos máquinas para a propagação do DNA. […] Essa é a única e exclusiva razão de cada ser vivo existir” (Em Guarda, p. 38).

Muitos, ao defender o ateísmo, declaram que essa posição levará o ser humano à libertação. Segundo eles, o homem será livre da opressão de sistemas ideológicos que o escravizam, tal como a religião. Mas há uma consequência a mais: liberta a todos de quaisquer códigos de conduta absolutos, permitindo a cada ser humano agir segundo julgar ser o melhor para preservar sua vida, ou o seu DNA. O historiador Stewart C. Easton declara em seu livro:

“Não há nenhuma razão objetiva para que o homem tenha moral, a menos que a moralidade traga alguma recompensa para a vida em sociedade ou o faça se sentir bem. Não há nenhuma razão objetiva para que o homem faça qualquer coisa, a menos que isso lhe traga algum prazer” (The Western Heritage, p. 878).

Portanto, tal como no nazismo, embora as ações condenáveis de um ateu possam ser repudiadas pela sociedade, possuem suporte moral e a motivação na base conceitual de seu sistema ideológico. De certo que, se definirmos que tal forma de viver é impraticável e perigosa, pode-se concluir que sua visão de mundo não pode ser verdadeira.

Deve ser notado que não se está afirmando que um ateu, necessariamente, agirá como um infrator ou criminoso. Existem muitos que, mesmo não crendo em qualquer forma de entidade superior, são excelentes cidadãos. Mas, caso resolvessem agir apenas conforme sua vontade e seu interesse, independentemente da felicidade dos outros membros dessa sociedade, estariam perfeitamente respaldados por essa ideologia.

A melhor escolha – Em resumo, é muito precipitado e nada lógico negar a veracidade de um sistema com base em ações generalizadamente condenáveis, mas é necessário avaliá-las a fim de determinar se são coerentes, ou não, com os princípios norteadores de tal sistema.

Especificamente no caso do cristianismo, graças à valorização da vida humana, bem como do amor mútuo, é evidente a incoerência de qualquer um que se declare cristão agir de forma a prejudicar ou explorar a vida de outro ser humano. Portanto, além de condenar as más ações, o cristianismo promove uma convivência de mútua felicidade, definindo de forma absoluta o sentido, o valor e o propósito da vida humana, demonstrando com isso tanto sua eficácia como relevância para uma sociedade carente como a atual.

Editado por Michelson Borges.