Vemos refletir?

Uma das críticas mais comuns que a religião cristã recebe é a de que promove uma vida onde a razão, nossa capacidade de avaliar, medir ou julgar, deva ficar de fora em nossa relação com Deus. E a julgar por muitos discursos religiosos, parece ser verdadeira. Pois, para muitos, uma medida de nossa intimidade com Deus é o quanto experimentamos a perda da consciência e nos deixamos ser induzidos a um estado de consciência alterada, onde as emoções tomam completamente o nosso ser. O que explica tantas manifestações em muitas igrejas de êxtase, perda dos sentidos e estados transes. No entanto, o texto descrito no livro do profeta Isaías, aponta em outra direção, quanto a compreensão de nossa relação com o Eterno.

Para Is 1:18, é ordem de Deus que nos aproximemos dEle em uma relação fundamentada na reflexão. Ou seja, Deus não quer que você deixe de pensar ao vir ao seu encontro, mas que venha com a mente afiada para uma conversa entre dois seres inteligentes. Dizendo de outra forma, Deus não te criou como um ser pensante para que você deixe de sê-lo ao estar em Sua presença. E é essa faculdade superior de pensar que Deus exige que você use para entender que, apesar de todos os pecados e problemas que você e o mundo possam ter, há poder em Deus para curar toda e qualquer situação. Deus pode tornar o seu mundo, manchado pelo vermelho do sangue da dor do pecado, em um mundo alvo, leve, limpo, claro, justo, equilibrado e profundamente feliz. Mesmo que para isso tenha sido necessário que o Seu próprio filho, Jesus Cristo, tenha recebido sobre si todo esse sofrimento que pertencia ao mundo.

Mas nada dessa salvação pode ser feita a despeito da sua identidade como ser pensante. Use sua razão para conversar com Deus em suas orações. Nada de orações repetitivas que promovem o não exercício de uma consciência. E quando estiver elevando um lindo louvor, pense sobre a letra, avalie o que ela expressa e se está em harmonia com a palavra divina e com o que você deseja dizer a Deus, use sua razão para guiar suas emoções, foi assim que Deus te criou para experimentar essas duas faculdades mentais. Muito cuido com manifestações que apelem para o não uso da razão.

Quem é o Eu Sou? 13 – Um Deus que é paciente com nosso crescimento

Queda do analfabetismo fica estagnada no país, aponta pesquisa do IBGE | Diário de GoiásQuando jovem, uma das razões de achar a sala de aula um lugar monótono para aprender  era a velocidade com a qual costumava entender os assuntos. Em geral, eu compreendia a mensagem do professor muito rapidamente e já esperava que prosseguisse para o próximo nível. No entanto, o professor acabava por repetir o assunto, usando outras estratégias didáticas, para auxiliar a compreensão de outros alunos que, mesmo se esforçando, ainda não tinham entendido corretamente. Esse processo lento e gradual de aprendizagem da turma, resultante da diferença na velocidade de processamento e compreensão entre nós, me fazia achar a aula muito desestimulante. A meu ver, o professor deveria seguir em frente e avançar, e os outros alunos é que deveriam se esforçar mais para acompanhar. Nada mais do que uma tola e egoística visão da juventude. Mas a grande lição que eu precisava receber ainda estava por vir.

Quando entrei no doutorado, aos 32 anos, pude experimentar a posição contrária a que sempre tive, pois agora era o aluno de lenta compreensão. Tendo como colegas garotos bem mais jovens e muito melhor preparados, eu não tive a menor chance de acompanhar as aulas no ritmo que eram apresentadas. Foi quando aprendi duas lições fundamentais: A primeira, que mesmo se esforçando ao máximo você pode não compreender os assuntos com facilidade. Ou seja, enquanto outros necessitam apenas de uma hora para entender, você pode precisar de três ou mais. A outra lição, a qual me motivou a trazer essa história a vocês é de o quanto precisamos de professores compreensivos, não para passar a mão sobre a cabeça nos aprovando sem estarmos prontos, mas para reconhecer nossas dificuldades e criar estratégias específicas para o aprendizado. Pois bem, Deus é exatamente assim!

Deus trabalha em nossa vida no devido tempo necessário, nem com atraso, nem com pressa. Ele é paciente com o nosso progresso, submetendo a si mesmo a nossa curva de aprendizado. Da mesma forma como precisamos confiar no professor que nos guia no processo de aprendizado, é fundamental que tenhamos suficiente fé em Deus para colocarmos em suas mãos nossa vida e ser moldados por Ele. A Bíblia destaca que Cristo é “o autor e consumador de nossa fé” (Hb12:2), sendo assim é Deus que faz a obra de nos reeducar para seu reino vindouro. Esse é um processo longo e gradual o qual Deus tem prazer em iniciar e finalizar, como é bem descrito em Filipenses, “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus. ” (Fp 1:6). Portanto, nunca pense que você é quem deve assumir sozinho as rédeas de sua cura e preparação para o Céu, esse trabalho é dirigido por Deus. Nossa contribuição consiste em exercer a escolha de estar em sua presença seja quais forem as circunstâncias.

A importância de exercermos a escolha pode ser ilustrada por um aluno que resolve não estar na escola, nem mesmo o poder criador do universo é capaz de transformar um coração que não escolhe se deixar ser regenerado. Mesmo sendo infinitamente poderoso, Deus não passa por cima de nossa vontade para nos salvar. É a fé em Deus, a permissão necessária para que possa atuar em nossa vida e preparar o nosso caráter para estar no céu. Quando sua vontade se alinha com a vontade de Deus, Ele será paciente para recriar em você o caráter dEle.

Estamos sempre sendo modificados, nunca continuamos os mesmos, cabe a você escolher quem quer como professor. Eu escolhi um professor paciente e atencioso, o meu Jesus, e nunca me arrependi disso. Experimente também!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 12 – Um Deus que usa demonstração

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Em uma viagem que fiz, uma avó me contou a história de como ensinou sua netinha uma lição sobre o perigo de não seguir os conselhos dela, a qual me surpreendeu pela coragem e sabedoria. A netinha de 5 anos, queria muito tocar em uma lâmpada incandescente que havia na cozinha, em cima da mesa de jantar, que, por ser relativamente acessível despertava seu interesse. Por mais de uma vez, a avó havia flagrado pequenina subindo em cima da mesa pronta a tocar na lâmpada. Após retirá-la, explicava que a lâmpada estava muito quente, e que ao tocar poderia se queimar. Reconhecendo a teimosia de sua neta, e preocupada em ajudá-la a entender o perigo que a tentativa de tocar no objeto brilhante, mas quente, a sábia vovó preparou as condições para a lição que queria passar. Deixou alguns cubos de gelo acessíveis na geladeira e comprou uma pomada para queimaduras, e esperou. Quando sua neta chegou na casa, a anciã deixou a menina sozinha no cômodo com a lâmpada e se escondeu atrás da porta, sem a garotinha perceber. Achando que estava sozinha, entendeu que essa era a grande oportunidade de que precisava. Posicionou a cadeira e subiu, em seguida, se pôs sobre a mesa. Era tudo o que ela queria. A lâmpada estava logo ali. Ou melhor, a estrela brilhante que, segundo sua imaginação, a levaria para um lindo conto de fadas. Bastava ela tocar. E foi exatamente o que se esforçou para fazer. Ficou na pontinha das sapatilhas rosa, e conseguiu sentir o objeto desejado. No entanto, foi surpreendida pela dor resultante do calor e soltou um belo grito de dor! A avó, que já estava de prontidão, pegando sua netinha no colo se dispôs a passar gelo, e depois a pomada, nos dedinhos vermelhos da netinha. No fim, não deixou de explicar que a garotinha deveria ter ouvido os conselhos pois a vovó a amava muito.

Apesar de nos causar um temor, a estratégia usada pela vovó para ensinar a lição pretendida, fazendo uso de uma demonstração pode ser uma boa analogia da maneira divina de ensinar os males de nos desviar do modo de vida para o qual fomos planejados por nosso criador.

Quando Adão foi criado, tudo era novo, a vida era uma experiência contínua. Cada aroma, as cores, as luzes, as texturas, eram maravilhas indescritíveis. Mas a sua primeira visão foi de Deus. A imagem de Deus a sua frente foi a primeira a percorrer seus circuitos neurais. Então, Deus se apresenta como o criador de tudo, inclusive do próprio Adão. E este, em profundo sentimento de agradecimento o reconhece como o seu Deus. Deus era o seu criador e ele reconhecia que sua vida não era algo que ele havia conquistado, mas que havia sido lhe dada. Esse ato de amor, de um Ser que não precisava de Adão, mas queria apenas que ele fosse feliz plenamente, ou seja, em toda a potência de felicidade que lhe era possível, o motivou a seguir Deus como o seu Senhor. Portanto, o primeiro ato de Fé de Adão foi aceitar Deus como o seu criador e Senhor sem haver testemunhado qualquer ato criativo. Dessa maneira, podemos entender que, mesmo antes de o pecado se instalar na vida humana, o justo já vivia pela fé como está em Hebreus 10.38. Mas havia outra ação de fé requerida a Adão. Ele precisava aceitar que a vida só seria possível em obediência a Deus, não porque Deus o puniria, mas porque Ele é a fonte da vida, e somente ligados a Deus podemos viver. Tentar viver sem Deus é querer assumir o seu lugar como seres autossuficientes. Nesse momento Deus diz: “mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”.”(Gênesis 2:17) Já essa lição, iria requerer uma demonstração mais efetiva que cobraria um preço muito mais caro que queimar os dedos em uma lâmpada quente.

Timeline of Jesus' Death and CrucifixionMesmo após testemunhar a morte de animais, do próprio filho e o lento definhar da sua própria vida, Adão, segundo a bíblia, voltou ao pó. Ele não deixou de existir completamente, como é o caso daquilo que a Bíblia chama de segunda Morte, pois a morte experimentada pelos seres vivos é tratada no texto sagrado como um sono, mas a Morte absoluta, resultante da profunda separação de Deus só foi observada na vida de um único ser, Jesus. Essa foi a lição que Deus nos deu através de uma demonstração que cobrou o preço em sua própria carne.

Diferentemente da história da vovó e da netinha, a dor da demonstração da lição não recaiu sobre o ser humano, apenas, a maior dor foi sentida por Deus quando a trindade sofreu a separação em si mesmo ao Jesus tornar-se pecado por nós (2 Cor 5.21).

Com o objetivo de demonstrar que a morte é o resultado da separação de Deus e não uma penalização imposta pelo próprio Deus, Ele enviou o seu filho. Ao se tornar pecado por nós, Jesus experimentou a separação de Deus que todos sofreremos quando a história desse mundo findar e tivermos decidido em quem vamos confiar. Se em Deus ou em nós mesmos!

Na vida de Cristo vemos o caráter de Deus e na morte de Cristo vemos o caráter do pecado. Um dia desejamos ser deuses no lugar de Deus, no fim, poderemos decidir se queremos continuar sendo deuses que não tem vida em si mesmos ou aceitaremos a Jesus como o nosso Deus, doador da vida e que aceitou sofrer a dor do pecado para reconquistar nossa confiança. Nesse sentido é que a Bíblia diz que nós temos a morte, Ele tem a vida e Ele aceitou a morte para que tivéssemos a vida.

A lição foi demonstrada, agora a escolha nos é ofertada. Cabe a você decidir!

O único confiável!

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“Ele é corrupto!”, “É a nossa melhor opção!”, “Já foi até condenado na justiça!”, “Busca os próprios interesses!”, “Veja o que ele fez por nós!”, “Nunca foi pego em nada errado!”, Essas são frases cada vez mais comuns em meio ao debate político tão frequente ao vivo, em redes sociais e até em reuniões de família. Debates e choques sobre política sempre ocorreram, mas ultimamente, histórias de cismas e discussões, que muitas vezes recaem em violência, se multiplicam. Sem necessariamente avaliar os temas em questão, gostaria de refletir sobre uma das motivações subjacentes: A insegurança!

Em um mundo confuso e cada dia mais incerto, todos precisamos de uma boia salva vidas, um lugar seguro onde ancorarmo-nos e resistir aos ventos de um futuro oculto nas nuvens do tempo. E as vezes esses meios de segurança são líderes políticos, escolhidos em virtude de compartilharmos de um regime democrático. Sendo assim,  estamos sempre em busca de um líder político onde nos sintamos seguros. Mas isso é possível? Muitas vezes a história nos mostrou que homens vistos como símbolos de força, integridade e caráter, nos surpreenderam com erros, corrupção e mentiras. Por outro lado, isso nunca nos impediu de continuar em busca da segurança de um bom líder, mesmo que às vezes, o máximo que obtenhamos é uma jangada cuja estabilidade é baseada em amarras frágeis sem quaisquer garantias que nos deixará seguros. No caso dos nossos líderes, as amarras frágeis que geram insegurança nunca poderão ser substituídas, pois jamais teremos provas concretas de quem realmente ele é.

Uma das maiores armadilhas de nossa realidade, no que diz respeito ao sentimento de segurança, é que nunca conhecemos verdadeiramente o outro. E tal insegurança cresce exponencialmente quando falamos de pessoas públicas, pois em vista de fazer com que sua imagem seja boa, muitas constroem um projeto de apresentação de si mesmos que pode ser tudo, mas nunca plenamente confiável. E aí jaz nossa insegurança. Como resultado, assim como lutamos para proteger nossa jangada sobre um oceano de ameaças, segurando as toras, refazendo as amarras e afastando qualquer perigo, protegemos os líderes políticos, defendendo suas ações, escolhas e projetos. Pois sem nosso esforço, a insegurança aumentará e o líder escolhido não mais será aquele em quem poderemos confiar.

Em um mundo utópico, seria ótimo se houvesse uma forma de conhecermos absolutamente os nossos líderes e então podermos seguir adiante com eles controlando o leme. Mas esse mundo não existe, pelo menos no que diz respeito a confiar em outros homens. E nesse contexto, o texto do profeta Jeremias é muito enfático “Assim diz o Senhor: “Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor.” ” (Jeremias 17:5). É verdade, a proposta cristã é dura em afirmar que nunca obteremos a tão sonhada segurança em líderes humanos. Mesmo que tudo o que você saiba sobre ele seja bom, sempre haverá uma chance de ser traído ou que o caráter do seu líder seja corrompido pelo poder. Então, estamos em um beco sem saída? Não podemos confiar em ninguém? Sim e não! Sim, porque não há um homem isento de falhas, seja no seu passado ou no futuro por vir. Mas há um líder, que já provou seu caráter e conquistou todos os de coração sincero que se encontraram com ele. Jesus tem o que nenhum líder pode te oferecer, a absoluta confiança de que ele é verdadeiramente bom.

O Cristo apresentado pelas Escrituras foi alguém que tem literalmente tudo. Ele é Deus! Portanto, não precisou ou precisa de mim e de você. Todas as suas ações são unicamente motivadas pelo seu caráter, o AMOR, um profundo desejo que preenche todo o ser de Deus em fazer os seres criados felizes. Jesus nos ensinou que mesmo tendo todas as razões para nos rejeitar, pois nós o expulsamos do controle de nossas vidas quando escolhemos seguir uma outra estratégia de felicidade, ainda assim aceitou se desfazer de tudo o que tinha e vir em nosso resgate “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:6-8)

Jesus nos ensinou que ele é o único líder em quem obtemos a tão sonhada segurança. Além de ter se esvaziado para nos buscar no fundo do abismo da incerteza e insegurança, nunca falhou conosco, pelo contrário, criou um mundo inteiro na forma de um lindo jardim para habitarmos em harmonia com os animais e a natureza e quando estávamos acuados pela insegurança da separação, começou um plano para reconquistar nossa confiança. Pense, um líder com o poder de Jesus, como Deus, poderia simplesmente exigir o apoio de suas criaturas, independente de como ele agisse, no entanto, Jesus se fez homem, para que, como homem apresentasse seu caráter a nós e conquistasse, não uma obediência cega, mas o nosso amor.

Caro leitor, quando você ver pessoas que lutam por personalidades públicas, saiba que você tem a escolha de seguir um líder que abraçou leprosos, chorou com viúvas, alimentou povos, protegeu quem havia vindo prendê-lo, pediu perdão para os que o crucificavam, festejou casamentos e perdoou quando podia condenar. Por fim, isso nos ajuda a entender que tipo de vida Jesus nos propõe: “eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10:10) e essa vida plena é o resultado de confiar de olhos fechados em um líder que não erra, não falhou e não falhará. Um líder que sabe que ainda estamos em um planeta mergulhado em lágrimas de angustia e dor e por isso prometeu “”Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver.” (João 14:1-3). Esse é um líder por quem vale a pena viver. Que nossa batalha política seja por apresentar o caráter de nosso amado e confiável Jesus.

O Ravi Zacharias(1946-2020) descansou

Muitas vezes achamos que a dor da perda será sentida de verdade apenas quando ocorre com os de perto, familiares ou amigos próximos. Mas há momentos em que sentimos o coração dilacerar quando, mesmo nunca as tendo encontrado, perdemos pessoas que admiramos e temos como inspiração. Hoje esse foi o caso, pois nesta data de 19/5/2020, o grande mensageiro do cristianismo Ravi Zacharias, palestrante, escritor e defensor da fé cristã, descansou no Senhor. Meu coração está esmagado pela dor. Esse homem sempre foi minha inspiração em sua forma inteligente e amorosa de falar de Jesus. Com sua inteligência sensível – creio ser a melhor expressão para ele -, sempre teve acesso a grandes centros acadêmicos, como Harvard e Oxford, falando do amor e da sabedoria de Deus.

Ravi nasceu na Índia e se converteu ao cristianismo na juventude. Emigrou para o Canadá e construiu uma carreira como mensageiro do cristianismo de uma forma inteligente, racional, mas ainda assim repleta de amor. Foi autor de vários livros, dentre os quais destaco o premiado Pode o Homem Viver ser Deus?, o primeiro que li e já me encantou, porque mescla de forma harmoniosa argumentos racionais a favor da fé cristã, sem perder o apelo à sensibilidade e ao coração. Ravi possuía um programa de rádio chamado “Let My People Think” (“Vamos pensar, meu povo”), transmitido a muitas partes do globo. Foi o fundador do Ministério Internacional Ravi Zacharias, que desenvolve evangelismo em todo o mundo. Mas, infelizmente hoje, aos 74 anos, vitimado por um câncer que fora anunciado apenas dois meses antes, Ravi descansou no Senhor.

É muito estranho sentir tanta dor pelo falecimento de alguém tão distante. Mas os livros e vídeos dele me fizeram sentir como se ele fosse meu mentor. Pois tudo o que eu imaginei ser como pregador do evangelho tinha Ravi Zacharias como referência. Já li C. S Lewis, William Craig, Nancy Pearcey, Francis Schaeffer e outros, mas o Ravi era meu referencial de mensageiro do evangelho. Minha dor é maior, talvez, porque no fundo eu ainda nutria a esperança de encontrá-lo e ter uma longa conversa. Portanto, minha oração a Deus é que eu possa glorificar a Deus e honrar esse grande homem, sendo ao menos uma unha do que foi Ravi Zacharias.

Sugestões de Leitura:

Pode o homem viver sem Deus?, Mundo Cristão, 1997

A morte da razão, Vida, 2011

Quem É Jesus?, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2013

Pode o homem viver sem Deus?, Mundo Cristão, 1997

Jesus entre outros Deus, Vida Nova, 2018

Quem é o Eu Sou? 11 – Deus submete a si mesmo a avaliação.

Resultado de imagem para questionamento Deus

 O dia de receber o resultado da prova chega, e você ansiosamente aguarda o professor entregar sua nota. Por outro lado, você está tranquilo porque, além de ter estudado, a prova foi relativamente fácil. Portanto, a nota positiva era uma garantia. Só falta confirmar!  Mas, após alguns nomes, você recebe sua prova e fica em choque com a nota baixa que recebeu. Imediatamente faz uma análise minuciosa da prova para verificar onde errou. Em seguida mais uma surpresa: não houve erro! foi o professor que interpretou erradamente suas respostas. Resta agora buscar a correção do erro. Porém, quando está prestes a se levantar para arguir o professor, vem à memória histórias que ouviu a respeito da perseguição que o referido professor teve com alunos que questionaram sua correção de prova.  Sendo que a fama de ser alguém que não tolera questionamentos a respeito de suas provas é enorme, será que vale à pena pedir reavaliação? É melhor não! Após refletir, sua decisão é trabalhar para não correr o risco de ser mal interpretado da próxima vez.  Mesmo sendo apenas uma ilustração, você pode imaginar como seria ter um professor autoritário que não aceita qualquer questionamento? Como você definiria esse professor? Gostaria de se relacionar com ele? Se pudesse decidir, o escolheria como professor novamente? Muitos de nós enxergamos a Deus dessa mesma forma, como alguém com quem não podemos dialogar ou até questionar. Mas saiba que Deus não é assim, e nem poderia ser.

Em vista do tipo de relacionamento que Ele deseja construir com os seres criados, a liberdade é um princípio universal necessário para Deus. E em decorrência dessa liberdade, Deus precisa apelar para nossa razão a fim de conquistar nossa confiança. Dessa maneira, Sua postura, em vez de impositiva e ditatorial, é mostrar-nos sua vontade e permitir que possamos conversar, e até questionar, o caminho proposto. Veja por exemplo o caso de Abraão: Quando Deus revelou seu objetivo de destruir completamente as cidades de Gomorra e Sodoma, e seus respectivos habitantes, Abraão questionou: “Longe de ti fazer tal coisa: matar o justo com o ímpio, tratando o justo e o ímpio da mesma maneira. Longe de ti! Não agirá com justiça o Juiz de toda a terra? ” (Gn 18:25). De forma alguma Deus o repreendeu por pensar que esse não era o caminho certo, mas prosseguiu em um diálogo explicando ao patriarca hebreu que se houvesse apenas alguns justos nas cidades Ele não as destruiria. Deus não só preserva a liberdade de Abraão, bem como aceita mais três repetições do mesmo questionamento. Outro diálogo interessante foi entre Deus e Jonas (Jn 4), curiosamente em um contexto inverso. Nesse caso, Deus decide por salvar uma nação que havia se arrependido após ser avisada pelo profeta que Deus estava prestes a destruí-la. Em vista dessa salvação Jonas, irado, questiona o Senhor por agir com misericórdia. E Deus, em vez de pedir o silêncio estabelece um belo diálogo, repleto de demonstrações didáticas, para explicar o seu direito e suas razões por tomar essa decisão. Em vez apenas de reprimir, Deus dialoga.

Deus de forma alguma reprime nossa liberdade de argui-lo, pois precisa que sejamos livres para obter o que Ele mais deseja, o nosso amor. Por isso se abre ao escrutínio, permitindo questionemos sobre sua sabedoria, autoridade e caráter. É certo que muitas vezes as respostas não são da forma como queríamos, ou mesmo não são dadas. As razões podem ser variadas. Por exemplo, podemos ter uma compreensão limitada do contexto e, por isso, estarmos incapacitados para entendermos. Ou, às vezes, Deus julga que o melhor é não sabermos a resposta naquele momento. Mas em nenhum momento o questionamento sincero é reprimido.

Ao contrário de ditadores como Hitler, Mussolini e Hussein, que não toleravam questionamentos de seu governo, Deus se coloca a ser avaliado e conhecido intimamente por sua criação. Deus não só não afasta o questionador mas se coloca ao lado do sofredor e angustiado por respostas para lhe prover o necessário para seu alento. Outro exemplo mais atual foi o caso do jornalista estadunidense Lee Strobel, um ateu extremamente avesso ao cristianismo, que, ao descobrir a conversão da esposa, se propôs usar suas habilidades de jornalista investigativo para demonstrar a “farsa” do Cristianismo e resgatar sua esposa do erro. Entretanto, Deus, em vez de rejeitar seus questionamentos, pacientemente o mostrou as repostas que precisava e, como consequência, Lee Strobel se rendeu ao amor de Deus, (essa história é descrita pelo filme “Em defesa de Cristo“).

Portanto, as nossas indagações e perguntas sinceras serão sempre bem-vindas à Deus, pois ele está de braços abertos a ser conhecido e investigado. Podemos, e devemos, nos aproximar Dele com a mente aguçada para a investigação e Ele está pronto para nos auxiliar como for o melhor para encontrarmos a fé e a confiança que precisamos.

Deus está pronto para responder.E você, está preparado para suas respostas?

Conheça, pense sobre e avalie Deus. Então, se apaixone!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 10 – Um Deus Santo.

Com fortes dores abdominais, você, depois de muito resistir, resolve ir ao médico. Após uma hora e meia na fila, é chamado para o atendimento. Conversando com o médico, descobre algumas informações, que não o deixam confortável; ele possui a mesma formação que você. Leu os mesmos livros, e tem a mesma idade. Sim, ele não é formado em medicina. É claro que essa é uma história fictícia, porém, como você reagiria caso fosse real? É fundamental ou não que o médico seja alguém diferente de você? Ele precisa ou não, apesar de estar acessível, possuir uma característica que o distingua de seus pacientes? Dentre essas, o conhecimento aprofundado do funcionamento do corpo humano, bem como dos mecanismos corretos para correção de eventuais problemas. Essa diferença necessária pode ser aplicada a outros exemplos, além do médico, de tal forma que, em nossa vida, somos acostumados a reconhecer a necessidade de que haja pessoas diferentes de nós, a fim de proporcionar-nos o que precisamos.

Além da natureza formativa e experiencial diferente da minha, que qualificará o médico a atender-nos com algo além do que podemos ter ou ser, é fundamental que nossa postura também seja completamente diferente ao nos relacionar com essas pessoas quando elas estão na posição de nossos médicos. Por exemplo, imagine que ao entrar em um consultório você fale tudo para o médico, menos os sintomas que sente, ou que  você fala o tempo todo sem permitir que o médico possa dizer o que pensa, e caso diga, você trata as palavras dele como comuns e tão importantes como as de qualquer outra pessoa e, por isso, não as leva a sério. Por último, imagine o que aconteceria se, ao receber a receita com as orientações para sua cura, você simplesmente a descartasse na próxima lixeira. Essas posturas são obviamente imaginárias, pois nunca tratamos os médicos, enquanto médicos, como um de nós. Semelhantemente, não podemos tratar Deus como um de nós, e o conceito que expressa essa peculiaridade é o que chamamos de Santidade!

No contexto do cristianismo, a santidade de Deus traduz a singularidade de Deus perante sua criação, portanto, a separação entre Deus e suas criaturas. Deus não é um de nós, apesar de ter traços semelhantes, pois nos fez a sua imagem e semelhança (Gn 1:26). Isso implica que, tanto pode nos oferecer algo que não possuímos, como requer de nós um relacionamento diferenciado com Ele. Esse conceito de santidade, que no original  significa separação ou distinção, traz, em sua natureza, a singularidade necessária para garantir que em Deus há um diferencial. A santidade  implica que ao participarmos de atividades relacionadas a Deus, experimentaremos algo que não há em nós mesmos. Ele possui propriedades que não podemos alcançar sozinhos. Assim como no caso da relação paciente-médico, é a distinção de papéis entre nós e Deus essencial no processo de sermos curados por Deus.

A santidade da  divindade é a certeza de que Deus é diferente de nós e que possui algo que não temos, e somente nEle encontraremos. Essa santidade é expressa em diversos momentos nos textos sagrados. Por exemplo: quando Moisés conversa com Deus enquanto a sarça estava tomada por fogo, porém sem se consumir (Ex 3:1-6). Deus declara que Moisés deveria retirar suas sandálias, ou seja, mudar de atitude, pois o lugar em que estava era Santo! Mas o que o fez santo? A presença de um Deus Santo. Moisés fica tão impressionado que chega a cobrir a face por reverência à presença de Deus. Outro momento significativo, agora sendo Jesus o protagonista, demonstra a santidade de Deus e de tudo o que se relaciona com Ele. Jesus, ao encontrar pessoas comprando e vendendo dentro do Templo, onde deveria haver comunhão, oração, remissão e cura, se revolta, repreende e expulsa os vendedores que ali estavam, restaurando a santidade do local (Mt 21:12-17).

Há hoje uma tendência de tornar cada vez menos distinguíveis as barreiras entre as atividades comuns e as atividades sagradas. Muitos argumentam que essa separação apenas serve para distanciar as pessoas de Deus. Porém, como descrevemos, tal separação não apenas é fortalecida pelo texto bíblico, como é necessária. Ao dissolvermos essas barreiras, dissolvemos também a santidade de Deus e a sua singularidade, fazendo dele, e de tudo o que está relacionado com ele, algo comum, ou seja, mais do mesmo. E por que precisaríamos de mais do mesmo?

Assim como precisamos de um médico que seja semelhante, mas não igual a nós, precisamos de um Deus próximo, mas ainda diferente, que saiba quem somos e como deveríamos ser, e que possa nos proporcionar aquilo que não possuímos. Sem a certeza da Santidade, não poderemos desfrutar plenamente de um relacionamento totalmente confiável e seguro com Deus. É a certeza de que Ele é especial que faz com que eu tenha uma postura especial e obtenha a cura especial que Ele me oferece.

Portanto, quando você se aproximar dEle, saiba que Deus te ama. Mas, reconheça que Ele é Santo e, como tal, precisa que você se relacione diferentemente com Ele. Ao se ajoelhar, demonstrando sua completa submissão e entrega, reconheça que está diante de quem o conhece e sabe o que é melhor para você, mais do que você mesmo. Esteja mais disposto a ouvir o que Deus tem a te dizer.

Quem é o Eu Sou? 9 – Um Deus que respeita sua criação.

Recentemente li um artigo que me chamou a atenção pelo comportamento inusitado que descrevia: Os homens japoneses estavam cada vez mais substituindo o relacionamento com mulheres reais por bonecas de silicone super realistas. A essas “mulheres”, os proprietários dedicam tempo, compram joias e levam para passear, por outro lado, tem a liberdade de ter “relações” quando quiser e nunca se sentem rejeitados. Segundo um dos adeptos dessa prática, a razão para tal escolha é que as mulheres japonesas “possuem um coração duro e são egoístas”. O que você pensa sobre esse  “relacionamento”? Não é falta de respeito com a “mulher” de silicone usá-la da forma e quando quiser? Não estariam os homens que aderem essa prática desvalorizando o relacionamento real ao evitar os riscos e sacrifícios que este exige? Por que não levantarmos a voz em defesa do respeito e da valorização das bonecas japonesas? Simples, porque elas são bonecas! Como bonecas, não pensam e não sentem, e deste modo, não faz sentido falar em respeito ou valorização. Por outro lado, caso esse mesmo tratamento fosse aplicado a mulheres reais, com certeza haveria uma série de manifestações de repúdio e protestos. Estaria óbvio que mulheres não podem ser tratadas dessa forma, mas pelo contrário, devemos respeitá-las e valorizá-las como seres pensantes e dotados de liberdade. Esse é o ponto chave, Deus faz isso conosco, nos respeita e valoriza.

Ao nos criar, Deus dotou-nos de características que refletem as suas. Somos seres livres e pensantes, sendo que essa última significa sermos capacitados a avaliar, ponderar e decidir. Enquanto que a liberdade nos dá o direito de seguir o caminho que preferirmos. Essas duas faculdades são essenciais para a felicidade do ser humano em todas as suas relações. Por exemplo, sem a liberdade de poder rejeitar um relacionamento, uma mulher, ou um homem, não poderá experimentar em sua plenitude o significado de ser escolhido para ser o amado companheiro de alguém. Por vontade de Deus, somos seres livres e pensantes, portanto capacitados a escolher, e como consequência, podemos escolher o mau ou o bem. Desde nossa origem divina, já fomos respeitados por Deus. Veja, por exemplo o texto: “E o Senhor Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá“. (Gn 2:16,17). Apesar de ser uma ordem, ainda estava facultado ao homem, logo após sua criação, a possibilidade de pensar e escolher um caminho diferente daquele que Deus o ordenou. A prova da efetiva possibilidade de escolha foi que escolhemos o caminho errado. E após isso, estamos hoje não mais completamente livres, mas subjugados por um estado de insegurança, e por consequência, egoísmo, que culmina em um estado de infelicidade, pois seres feitos para amar não podem ser felizes em egoísmo.

O pecado, no sentido de rompimento com Deus, esfacelou e enfraqueceu nossa liberdade. Entretanto, não somos deixados a deriva para sermos levados pelas ondas revoltosas da vida. Deus não nos abandonou! Mesmo que tenhamos escolhido outro caminho, como um ser que nos ama, respeita e valoriza, o nosso estado de felicidade incompleta é o problema mais importante que Deus tem para resolver. Aquele que é Amor, nunca deixa de Amar!

Como seres pensantes e livres que somos, Deus não pode nos tratar como as bonecas japonesas super realistas são tratadas. Não dá para construir um relacionamento como esse conosco e chamar de amor. Não podemos ser forçados, de qualquer maneira que seja, a amá-lo. Por causa disso, Deus enfrenta uma questão muito complicada: Como conquistar o amor de seres livres? É nesse momento que o senhor de todo universo dá mais uma demonstração de respeito e valorização a sua criação. Além de respeitar nossa natureza e liberdade, Deus desenvolve um plano para nos conquistar. Um dos membros da trindade aceita reduzir-se a forma de seres criados a fim de apresentar o seu caráter verdadeiro, sem representações intermediárias defeituosas, e reconquistar o nosso amor e confiança. É preciso lembrarmos, que esse amor e confiança foram perdidos quando nós, não ele, escolhemos seguir outro plano. Por essa razão, o próprio ato de Deus nos buscar, quando nós somos os únicos responsáveis pela nossa infelicidade, é uma gigantesca prova de valorização.

Através de Jesus temos a oportunidade única e exclusiva de conhecer o mais importante a respeito do autor da vida e do universo, o seu caráter. Dessa forma, o cristianismo, não apenas apresenta um Deus que criou os seres do universo com tal valor que lhes concedeu a liberdade de pensar e agir, bem como demonstrou esse mesmo valor ao nos buscar e se adaptar ao nosso limitado campo de visão afim de o conhecermos de verdade e assim desejarmos amá-lo a ponto de confiar novamente nele.

Sendo assim, não seria um desrespeito esquivar-se de tão grande demonstração de amor? Mesmo que, no fim o rejeitemos, deveríamos dar a oportunidade de ele se apresentar a nós. Lendo a carta de amor que Deus deixou em sua palavra e conhecendo o seu filho podemos saber como ele verdadeiramente é. Tal como Jesus mesmo declarou, através do Filho podemos conhecer o Pai.

Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?“(Jo 14:9).

Não apenas lendo, mas buscando sinceramente conhecê-lo, podemos então decidir se queremos ou não fazer parte dessa família!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 8 – Um Deus que põe ordem.

Resultado de imagem para organizar bagunça antes depoisVocê já sentiu o prazer de ordenar ou organizar algo? A princípio, quando olha o tamanho do caos que precisa ser ordenado, há certo desânimo. Por exemplo, no meu caso, ao fim de um semestre letivo, após aulas preparadas e projetos desenvolvidos, tanto meu escritório como meu computador precisam ser limpos e ordenados. No início eu resisto um pouco, mas ao finalizar a tarefa há um senso de satisfação e admiração do resultado que faz todo o trabalho valer a pena. Mas por que valorizamos a ordem? Por que estamos constantemente em busca de catalogar, organizar e ordenar locais, objetos e atividades? É verdade que a ordem promove a eficiência produtiva, mas creio que há uma beleza inerente na ordem que inspira e causa essa apreciação em todo o ser humano. Tal beleza parece também estar incutida na própria natureza humana que impulsiona o homem a buscar, identificar e valorizar a ordem. Além disso, a ordem inspira um senso de bem-estar e controle que nos motiva a seguir em frente. De onde viria essa necessidade e prazer pela ordem? O cristianismo apresenta uma visão que tanto explica a origem dessa característica humana como revela mais um aspecto interessante do caráter de Deus.

Segundo a Bíblia, somos a imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26), portanto, poderíamos presumir que nossa admiração e busca pela ordem possa ser um traço do caráter que compartilhamos com o criador do universo. Essa suposição encontra suporte bíblico em diversas passagens que descrevem as ações de Deus, especialmente em seu ato criativo. Ao descrever o estado primário da Terra antes de Deus começar a prepará-la para receber vida, o texto sagrado afirma que ela “estava sem forma e vazia” (Gn 1:2), um estado desordenado e sem propósito. Desse momento e pelos próximos 3 dias, Deus se dedica a preparar a Terra para ser preenchida com vida. No primeiro, Deus faz a Luz, no segundo, os oceanos e, no terceiro, a terra seca e as plantas. Podemos compreender que esses são espaços vazios a serem preenchidos. Os próximos três dias serão dedicados a criação dos seres que ocuparão esses espaços. No quarto dia, são criados o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto, Deus preenche os oceanos com seres marinhos e os céus com pássaros;  e no sexto dia aparecem os animais e o homem. Sendo que o último dia, o sétimo, é criado com um único fim, já que nada fora criado nele, o de ser o dia para o homem se relacionar com seu amável e ordenado Deus.   Sem me ater a uma descrição pormenorizada do significado de cada um desses atos criativos, gostaria de ressaltar o caráter ordenador do criador ao trabalhar e organizar sua criação afim de que cada peça apareça encaixada em sem ambiente. Deus prepara o presente para receber o futuro.

Além da criação em geral, ao pensarmos sobre a criação do homem, observamos um Deus que põe ordem ao usar uma substância sem forma e fim, o pó da terra (o barro), para formar um ser racional e que reflita seu caráter (Gn 2:7). Esse é o maior milagre, a criação, a partir do caos, de um ser capaz de pensar, sentir, escolher, raciocinar e amar. Muitos anos depois, Deus, mais uma vez, demonstra seu caráter de ordenador ao resgatar um povo escravizado, sem identidade, sem amor próprio e embrutecidos pela pesada carga que carregava por cerca de 400 anos (leia essa história no livro de Êxodo), e os transforma em uma sociedade com um sofisticado sistema de adoração, leis sanitárias e civis. Tais ações apenas confirmam a declaração: “O domínio e o temor pertencem a Deus; ele impõe ordem nas alturas, que a ele pertencem.” (Jó 25:2).

Já em nossa era, Jesus revelou o caráter de um Deus ordenador de vidas ao reunir um grupo de homens rústicos, na maioria iletrados, sem propósito especial, além de viver e sustentar sua família, em líderes de um movimento tão ambicioso que pretendeu apresentar o poder, a misericórdia e o amor de Jesus ao mundo inteiro. Com esse feito, Jesus apresentou Deus como um ser capaz de transformar mais do que uma substância inanimada, mas como o reordenador de vidas inteligentes. Deus mostrou poder organizar a vida de seres autônomos e inteligentes com propósito e sentido!

Através da compreensão que Deus é um ser de ordem e que põe ordem, podemos reconhecer que ninguém melhor do que ele possui a potência de poder ordenar o caos em que muitas vezes vivemos. Sabe aquele momento que sua vida parece mais emaranhada do que o carretel de linha com que uma criança brinca? Ou quando você olha para si e se sente sem forma e vazio? É exatamente aí que Deus pode atuar com domínio de causa. Ele chega, organiza e dá vida ao que antes era trevas, caos e desordem. Portanto, até que o ser humano seja capaz de pegar um punhado de barro e tornar-lo um ser capaz de amar, sempre haverá um melhor candidato para ocupar a função de ordenador de vidas. Ele se chama Jesus!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

 

 

Quem é o Eu Sou? 7- Um Deus que não esquece, mas se esquece.

Imagem relacionadaVocê já parou para reconhecer a dádiva que é o esquecimento? Imagina o caos que seria caso pudéssemos lembrar de cada episódio que vivemos como se ele houvesse ocorrido há alguns momentos atrás. É verdade que isso nos permitiria desfrutar continuamente dos sentimentos felizes gerados na vivência de boas experiências, porém também precisaríamos conviver com a contínua lembrança das dores, angústias, frustrações e traumas que tivemos. Seria tanta dor a administrar que dificilmente conseguiríamos manter o equilíbrio suficiente para nos concentrar nas memórias agradáveis. Além disso, como seria possível estabelecer relacionamentos sendo obrigados a ter em sua mente, a vívida lembrança de cada decepção, traição e dor que tenham lhe causado. Como perdoar e sentir seu coração leve se a lembrança não pode ser atenuada ou até apagada com o tempo? Dificilmente você conseguiria desfrutar uma verdadeira paz em qualquer relacionamento. Porém, nós esquecemos! E desta forma podemos ser felizes ao viver e nos relacionar. Pois mesmo os maiores problemas e traumas podem ser perdoados e, se não esquecidos,  sua memória vai se desvanecendo com o tempo.

E Deus, será que ele se esquece? Para começar, pensemos o seguinte: Se afirmarmos que ele se esquece, significa dizer que há uma informação ou experiência que se tornou inacessível para a mente do Todo Poderoso, algo no mínimo contraditório. Pois como aquele que detêm o poder de criar todo o universo apenas com  suas palavras é incapaz de acessar uma informação contida em sua mente. Além disso, afirmar que Deus esquece implicaria em colocar o criador do tempo sujeito, ou limitado, por sua criação. Tal como ele mesmo se apresenta ao apóstolo João: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.“(Ap 22:13), Deus não é limitado pelo tempo. Portanto, Deus não apenas experimenta o presente, mas diante dele está o passado, o presente e o futuro em conjunto. Por essas razões, afirmar que Deus esquece vai de encontro a sua própria natureza e poder.

Pois bem, se Deus não esquece, como explicar sua declaração em: “Sou eu, eu mesmo, aquele que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não se lembra mais de seus pecados.” (Isaías 43:25). Para entender, é preciso lembrar o que significa esquecer. Esquecer, de forma direta, seria não ter acesso a uma memória. Contudo, se mesmo tendo acesso a tal memória, fôssemos capazes de agir como se tal informação não existisse, efetivamente seria como se houvéssemos esquecido. E com o efeito do tempo, tal memória , mesmo não nos afetando ainda, vai sendo esquecida até não ser mais lembrada. Entretanto, para um ser que é Todo Poderoso e não limitado pelo tempo, não há como esquecer. O ontem é hoje, e o amanhã é agora. Então, para Deus, esquecer significa ainda ter acesso a informação mas agir como se ela não existisse.  Mas do que ter acesso a informação, as experiências que Deus tem são continuamente vívidas, mas mesmo assim ele não as leva em consideração ao perdoar. Você consegue entender o que isso nos mostra a respeito do caráter de Deus?

Quando nós perdoamos, mesmo que ainda doa, com o tempo esqueceremos. Sendo assim, demonstramos o nosso amor ao nos dispor a não mais acessar a memória de uma experiência desagradável, e com a benção do esquecimento, poderemos em fim viver como se o trauma não houvesse ocorrido. Mas Deus, ao se esquecer, ainda tem a experiência nitidamente em sua mente, mas ela não tem qualquer efeito sobre ele, pois o seu amor por quem ele perdoa sobrepuja qualquer frustração e decepção que possa sofrer por ainda lembrar.

Esse reconhecimento leva a experiência de Jesus, ao deixar o trono do céu repleto de amor e felicidade e descer a um mundo cheio de egoísmo e dor, a outro nível de sacrifício. Pois como um Deus não pode se esquecer de fato, apenas de efeito. Cada dor e sofrimento vivido por Cristo nesta terra estará continuamente marcado em sua memória, mas não afetará o seu amor por cada ser vivo que salvou. Esse, com certeza, é um Deus com quem vale a pena se relacionar. Ele pode saber tudo o que você fez, como se tivesse praticado ontem, mas te ama como se nunca você houvesse errado. Isso é o que significa Deus esquecer!

Deus lembra, mas esquece, porque te ama!