O estranho vazio do primeiro natal

Quando pensamos sobre o nascimento de Jesus, episódio lembrado em cada natal, sempre há algo diferente que nos chama a atenção. É nesse contexto que eu gostaria de perguntar: O que te chama a atenção na história do nascimento de Jesus? Seria o local? A concepção miraculosa? A coragem e fé de José ao aceitar casar com uma mulher grávida?

Para mim, o que mais me chama a atenção é o vazio. Havia um estranho vazio de pessoas e de condições para a vinda de um rei pré-anunciado há tantos anos pelas profecias bíblicas. Veja, por exemplo, que no livro de Miquéias no capítulo 5, verso 2, a cidade de Belém era predita como o local de nascimento do redentor. Além disso, podemos também lembrar que o texto do livro de Números capítulo 24 e verso 17, falava que seu nascimento seria sinalizado por uma estrela especial. Portanto, sendo que havia essas e outras profecias relativas a vinda do salvador é de estranhar o vazio que cercou seu nascimento.

Pode ser que alguém poderia apresentar algumas justificativas: Sendo que essas promessas foram feitas a muito tempo, naturalmente a fé nelas se esfriaria e as pessoas acabariam esquecendo. Entretanto, a fé dos pastores nas colinas de Belém estava bem viva! Outros talvez justificassem o vazio presente no nascimento de Jesus como resultado destas profecias não serem claras o suficiente para que o povo pudesse reconhecer o momento desse acontecimento. Mas, se isso fosse verdade, como explicar que reis orientais puderam reconhecer sinais na natureza e nas profecias a ponto de ir encontrar Jesus em Belém? Em vista disso, a pergunta permanece? Como explicar o vazio do nascimento de Jesus sendo que ele nascera no meio do “povo de Deus”?

Uma sugestão de resposta para esse dilema pode ser encontrada no texto do sábio Salomão presente no livro de Provérbios “Onde não há revelação divina, o povo se desvia” (Pv 29:18). Em outras traduções a expressão “revelação divina” é traduzida como profecias, consequentemente esse termo abrange bem mais que previsões sobre o futuro devendo representar o conhecimento bíblico dos tempos em que se vive. Sendo assim, quando o povo deixa de ter o conhecimento de Deus revelado em sua palavra, acaba por se desviar do plano divino e não mais reconhece os eventos atuais. Em consequência disso, a vida comum havia tragado as pessoas dentro da realidade ordinária de tal forma que a vinda do rei do universo não foi sequer notada. Estamos nós correndo o mesmo risco? Será que nos tornamos cristãos ateus? Alguém que professa acreditar em Jesus, mas se comporta como se ele não houvesse nascido?

O outro vazio que me chama a atenção é o vazio das coisas, ou melhor, de condições materiais para receber um rei, na verdade, O Rei. Uma vez que vivemos em uma época onde corremos atrás de realizar tantos preparativos para formar uma família e receber filhos, é um tremendo contraste que Jesus tenha nascido em uma família que sequer tinha um lar. Além disso: Não havia quarto decorado; não havia ar-condicionado; não havia nem mesmo paredes. Mas tudo o que realmente precisava estava lá: Uma mãe amorosa e temente a Deus, e um pai protetor, trabalhador e submisso a Deus. Será que não estamos correndo o mesmo risco, nos concentrando naquilo que até pode ajudar mais não é essencial e esquecendo do que realmente importa?

Fico a pensar se, mesmo desejando receber Jesus, não estamos dedicando esforços para preparar o exterior quando o que ele deseja é apenas um coração quentinho, como uma manjedoura, mas aquecido pela fé, onde possa nascer de novo? Meu desejo é que o texto de Gálatas seja uma representação de um verdadeiro natal que pode acontecer agora “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Se vive, é porque nasceu em você! Se nasceu, foi natal!

Quem é o Eu Sou? 12 – Um Deus que usa demonstração

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Em uma viagem que fiz, uma avó me contou a história de como ensinou sua netinha uma lição sobre o perigo de não seguir os conselhos dela, a qual me surpreendeu pela coragem e sabedoria. A netinha de 5 anos, queria muito tocar em uma lâmpada incandescente que havia na cozinha, em cima da mesa de jantar, que, por ser relativamente acessível despertava seu interesse. Por mais de uma vez, a avó havia flagrado pequenina subindo em cima da mesa pronta a tocar na lâmpada. Após retirá-la, explicava que a lâmpada estava muito quente, e que ao tocar poderia se queimar. Reconhecendo a teimosia de sua neta, e preocupada em ajudá-la a entender o perigo que a tentativa de tocar no objeto brilhante, mas quente, a sábia vovó preparou as condições para a lição que queria passar. Deixou alguns cubos de gelo acessíveis na geladeira e comprou uma pomada para queimaduras, e esperou. Quando sua neta chegou na casa, a anciã deixou a menina sozinha no cômodo com a lâmpada e se escondeu atrás da porta, sem a garotinha perceber. Achando que estava sozinha, entendeu que essa era a grande oportunidade de que precisava. Posicionou a cadeira e subiu, em seguida, se pôs sobre a mesa. Era tudo o que ela queria. A lâmpada estava logo ali. Ou melhor, a estrela brilhante que, segundo sua imaginação, a levaria para um lindo conto de fadas. Bastava ela tocar. E foi exatamente o que se esforçou para fazer. Ficou na pontinha das sapatilhas rosa, e conseguiu sentir o objeto desejado. No entanto, foi surpreendida pela dor resultante do calor e soltou um belo grito de dor! A avó, que já estava de prontidão, pegando sua netinha no colo se dispôs a passar gelo, e depois a pomada, nos dedinhos vermelhos da netinha. No fim, não deixou de explicar que a garotinha deveria ter ouvido os conselhos pois a vovó a amava muito.

Apesar de nos causar um temor, a estratégia usada pela vovó para ensinar a lição pretendida, fazendo uso de uma demonstração pode ser uma boa analogia da maneira divina de ensinar os males de nos desviar do modo de vida para o qual fomos planejados por nosso criador.

Quando Adão foi criado, tudo era novo, a vida era uma experiência contínua. Cada aroma, as cores, as luzes, as texturas, eram maravilhas indescritíveis. Mas a sua primeira visão foi de Deus. A imagem de Deus a sua frente foi a primeira a percorrer seus circuitos neurais. Então, Deus se apresenta como o criador de tudo, inclusive do próprio Adão. E este, em profundo sentimento de agradecimento o reconhece como o seu Deus. Deus era o seu criador e ele reconhecia que sua vida não era algo que ele havia conquistado, mas que havia sido lhe dada. Esse ato de amor, de um Ser que não precisava de Adão, mas queria apenas que ele fosse feliz plenamente, ou seja, em toda a potência de felicidade que lhe era possível, o motivou a seguir Deus como o seu Senhor. Portanto, o primeiro ato de Fé de Adão foi aceitar Deus como o seu criador e Senhor sem haver testemunhado qualquer ato criativo. Dessa maneira, podemos entender que, mesmo antes de o pecado se instalar na vida humana, o justo já vivia pela fé como está em Hebreus 10.38. Mas havia outra ação de fé requerida a Adão. Ele precisava aceitar que a vida só seria possível em obediência a Deus, não porque Deus o puniria, mas porque Ele é a fonte da vida, e somente ligados a Deus podemos viver. Tentar viver sem Deus é querer assumir o seu lugar como seres autossuficientes. Nesse momento Deus diz: “mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá”.”(Gênesis 2:17) Já essa lição, iria requerer uma demonstração mais efetiva que cobraria um preço muito mais caro que queimar os dedos em uma lâmpada quente.

Timeline of Jesus' Death and CrucifixionMesmo após testemunhar a morte de animais, do próprio filho e o lento definhar da sua própria vida, Adão, segundo a bíblia, voltou ao pó. Ele não deixou de existir completamente, como é o caso daquilo que a Bíblia chama de segunda Morte, pois a morte experimentada pelos seres vivos é tratada no texto sagrado como um sono, mas a Morte absoluta, resultante da profunda separação de Deus só foi observada na vida de um único ser, Jesus. Essa foi a lição que Deus nos deu através de uma demonstração que cobrou o preço em sua própria carne.

Diferentemente da história da vovó e da netinha, a dor da demonstração da lição não recaiu sobre o ser humano, apenas, a maior dor foi sentida por Deus quando a trindade sofreu a separação em si mesmo ao Jesus tornar-se pecado por nós (2 Cor 5.21).

Com o objetivo de demonstrar que a morte é o resultado da separação de Deus e não uma penalização imposta pelo próprio Deus, Ele enviou o seu filho. Ao se tornar pecado por nós, Jesus experimentou a separação de Deus que todos sofreremos quando a história desse mundo findar e tivermos decidido em quem vamos confiar. Se em Deus ou em nós mesmos!

Na vida de Cristo vemos o caráter de Deus e na morte de Cristo vemos o caráter do pecado. Um dia desejamos ser deuses no lugar de Deus, no fim, poderemos decidir se queremos continuar sendo deuses que não tem vida em si mesmos ou aceitaremos a Jesus como o nosso Deus, doador da vida e que aceitou sofrer a dor do pecado para reconquistar nossa confiança. Nesse sentido é que a Bíblia diz que nós temos a morte, Ele tem a vida e Ele aceitou a morte para que tivéssemos a vida.

A lição foi demonstrada, agora a escolha nos é ofertada. Cabe a você decidir!

Quem é o Eu Sou? 9 – Um Deus que respeita sua criação.

Recentemente li um artigo que me chamou a atenção pelo comportamento inusitado que descrevia: Os homens japoneses estavam cada vez mais substituindo o relacionamento com mulheres reais por bonecas de silicone super realistas. A essas “mulheres”, os proprietários dedicam tempo, compram joias e levam para passear, por outro lado, tem a liberdade de ter “relações” quando quiser e nunca se sentem rejeitados. Segundo um dos adeptos dessa prática, a razão para tal escolha é que as mulheres japonesas “possuem um coração duro e são egoístas”. O que você pensa sobre esse  “relacionamento”? Não é falta de respeito com a “mulher” de silicone usá-la da forma e quando quiser? Não estariam os homens que aderem essa prática desvalorizando o relacionamento real ao evitar os riscos e sacrifícios que este exige? Por que não levantarmos a voz em defesa do respeito e da valorização das bonecas japonesas? Simples, porque elas são bonecas! Como bonecas, não pensam e não sentem, e deste modo, não faz sentido falar em respeito ou valorização. Por outro lado, caso esse mesmo tratamento fosse aplicado a mulheres reais, com certeza haveria uma série de manifestações de repúdio e protestos. Estaria óbvio que mulheres não podem ser tratadas dessa forma, mas pelo contrário, devemos respeitá-las e valorizá-las como seres pensantes e dotados de liberdade. Esse é o ponto chave, Deus faz isso conosco, nos respeita e valoriza.

Ao nos criar, Deus dotou-nos de características que refletem as suas. Somos seres livres e pensantes, sendo que essa última significa sermos capacitados a avaliar, ponderar e decidir. Enquanto que a liberdade nos dá o direito de seguir o caminho que preferirmos. Essas duas faculdades são essenciais para a felicidade do ser humano em todas as suas relações. Por exemplo, sem a liberdade de poder rejeitar um relacionamento, uma mulher, ou um homem, não poderá experimentar em sua plenitude o significado de ser escolhido para ser o amado companheiro de alguém. Por vontade de Deus, somos seres livres e pensantes, portanto capacitados a escolher, e como consequência, podemos escolher o mau ou o bem. Desde nossa origem divina, já fomos respeitados por Deus. Veja, por exemplo o texto: “E o Senhor Deus ordenou ao homem: “Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá“. (Gn 2:16,17). Apesar de ser uma ordem, ainda estava facultado ao homem, logo após sua criação, a possibilidade de pensar e escolher um caminho diferente daquele que Deus o ordenou. A prova da efetiva possibilidade de escolha foi que escolhemos o caminho errado. E após isso, estamos hoje não mais completamente livres, mas subjugados por um estado de insegurança, e por consequência, egoísmo, que culmina em um estado de infelicidade, pois seres feitos para amar não podem ser felizes em egoísmo.

O pecado, no sentido de rompimento com Deus, esfacelou e enfraqueceu nossa liberdade. Entretanto, não somos deixados a deriva para sermos levados pelas ondas revoltosas da vida. Deus não nos abandonou! Mesmo que tenhamos escolhido outro caminho, como um ser que nos ama, respeita e valoriza, o nosso estado de felicidade incompleta é o problema mais importante que Deus tem para resolver. Aquele que é Amor, nunca deixa de Amar!

Como seres pensantes e livres que somos, Deus não pode nos tratar como as bonecas japonesas super realistas são tratadas. Não dá para construir um relacionamento como esse conosco e chamar de amor. Não podemos ser forçados, de qualquer maneira que seja, a amá-lo. Por causa disso, Deus enfrenta uma questão muito complicada: Como conquistar o amor de seres livres? É nesse momento que o senhor de todo universo dá mais uma demonstração de respeito e valorização a sua criação. Além de respeitar nossa natureza e liberdade, Deus desenvolve um plano para nos conquistar. Um dos membros da trindade aceita reduzir-se a forma de seres criados a fim de apresentar o seu caráter verdadeiro, sem representações intermediárias defeituosas, e reconquistar o nosso amor e confiança. É preciso lembrarmos, que esse amor e confiança foram perdidos quando nós, não ele, escolhemos seguir outro plano. Por essa razão, o próprio ato de Deus nos buscar, quando nós somos os únicos responsáveis pela nossa infelicidade, é uma gigantesca prova de valorização.

Através de Jesus temos a oportunidade única e exclusiva de conhecer o mais importante a respeito do autor da vida e do universo, o seu caráter. Dessa forma, o cristianismo, não apenas apresenta um Deus que criou os seres do universo com tal valor que lhes concedeu a liberdade de pensar e agir, bem como demonstrou esse mesmo valor ao nos buscar e se adaptar ao nosso limitado campo de visão afim de o conhecermos de verdade e assim desejarmos amá-lo a ponto de confiar novamente nele.

Sendo assim, não seria um desrespeito esquivar-se de tão grande demonstração de amor? Mesmo que, no fim o rejeitemos, deveríamos dar a oportunidade de ele se apresentar a nós. Lendo a carta de amor que Deus deixou em sua palavra e conhecendo o seu filho podemos saber como ele verdadeiramente é. Tal como Jesus mesmo declarou, através do Filho podemos conhecer o Pai.

Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?“(Jo 14:9).

Não apenas lendo, mas buscando sinceramente conhecê-lo, podemos então decidir se queremos ou não fazer parte dessa família!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 8 – Um Deus que põe ordem.

Resultado de imagem para organizar bagunça antes depoisVocê já sentiu o prazer de ordenar ou organizar algo? A princípio, quando olha o tamanho do caos que precisa ser ordenado, há certo desânimo. Por exemplo, no meu caso, ao fim de um semestre letivo, após aulas preparadas e projetos desenvolvidos, tanto meu escritório como meu computador precisam ser limpos e ordenados. No início eu resisto um pouco, mas ao finalizar a tarefa há um senso de satisfação e admiração do resultado que faz todo o trabalho valer a pena. Mas por que valorizamos a ordem? Por que estamos constantemente em busca de catalogar, organizar e ordenar locais, objetos e atividades? É verdade que a ordem promove a eficiência produtiva, mas creio que há uma beleza inerente na ordem que inspira e causa essa apreciação em todo o ser humano. Tal beleza parece também estar incutida na própria natureza humana que impulsiona o homem a buscar, identificar e valorizar a ordem. Além disso, a ordem inspira um senso de bem-estar e controle que nos motiva a seguir em frente. De onde viria essa necessidade e prazer pela ordem? O cristianismo apresenta uma visão que tanto explica a origem dessa característica humana como revela mais um aspecto interessante do caráter de Deus.

Segundo a Bíblia, somos a imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26), portanto, poderíamos presumir que nossa admiração e busca pela ordem possa ser um traço do caráter que compartilhamos com o criador do universo. Essa suposição encontra suporte bíblico em diversas passagens que descrevem as ações de Deus, especialmente em seu ato criativo. Ao descrever o estado primário da Terra antes de Deus começar a prepará-la para receber vida, o texto sagrado afirma que ela “estava sem forma e vazia” (Gn 1:2), um estado desordenado e sem propósito. Desse momento e pelos próximos 3 dias, Deus se dedica a preparar a Terra para ser preenchida com vida. No primeiro, Deus faz a Luz, no segundo, os oceanos e, no terceiro, a terra seca e as plantas. Podemos compreender que esses são espaços vazios a serem preenchidos. Os próximos três dias serão dedicados a criação dos seres que ocuparão esses espaços. No quarto dia, são criados o Sol, a Lua e as estrelas; no quinto, Deus preenche os oceanos com seres marinhos e os céus com pássaros;  e no sexto dia aparecem os animais e o homem. Sendo que o último dia, o sétimo, é criado com um único fim, já que nada fora criado nele, o de ser o dia para o homem se relacionar com seu amável e ordenado Deus.   Sem me ater a uma descrição pormenorizada do significado de cada um desses atos criativos, gostaria de ressaltar o caráter ordenador do criador ao trabalhar e organizar sua criação afim de que cada peça apareça encaixada em sem ambiente. Deus prepara o presente para receber o futuro.

Além da criação em geral, ao pensarmos sobre a criação do homem, observamos um Deus que põe ordem ao usar uma substância sem forma e fim, o pó da terra (o barro), para formar um ser racional e que reflita seu caráter (Gn 2:7). Esse é o maior milagre, a criação, a partir do caos, de um ser capaz de pensar, sentir, escolher, raciocinar e amar. Muitos anos depois, Deus, mais uma vez, demonstra seu caráter de ordenador ao resgatar um povo escravizado, sem identidade, sem amor próprio e embrutecidos pela pesada carga que carregava por cerca de 400 anos (leia essa história no livro de Êxodo), e os transforma em uma sociedade com um sofisticado sistema de adoração, leis sanitárias e civis. Tais ações apenas confirmam a declaração: “O domínio e o temor pertencem a Deus; ele impõe ordem nas alturas, que a ele pertencem.” (Jó 25:2).

Já em nossa era, Jesus revelou o caráter de um Deus ordenador de vidas ao reunir um grupo de homens rústicos, na maioria iletrados, sem propósito especial, além de viver e sustentar sua família, em líderes de um movimento tão ambicioso que pretendeu apresentar o poder, a misericórdia e o amor de Jesus ao mundo inteiro. Com esse feito, Jesus apresentou Deus como um ser capaz de transformar mais do que uma substância inanimada, mas como o reordenador de vidas inteligentes. Deus mostrou poder organizar a vida de seres autônomos e inteligentes com propósito e sentido!

Através da compreensão que Deus é um ser de ordem e que põe ordem, podemos reconhecer que ninguém melhor do que ele possui a potência de poder ordenar o caos em que muitas vezes vivemos. Sabe aquele momento que sua vida parece mais emaranhada do que o carretel de linha com que uma criança brinca? Ou quando você olha para si e se sente sem forma e vazio? É exatamente aí que Deus pode atuar com domínio de causa. Ele chega, organiza e dá vida ao que antes era trevas, caos e desordem. Portanto, até que o ser humano seja capaz de pegar um punhado de barro e tornar-lo um ser capaz de amar, sempre haverá um melhor candidato para ocupar a função de ordenador de vidas. Ele se chama Jesus!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

 

 

Quem é o Eu Sou? 7- Um Deus que não esquece, mas se esquece.

Imagem relacionadaVocê já parou para reconhecer a dádiva que é o esquecimento? Imagina o caos que seria caso pudéssemos lembrar de cada episódio que vivemos como se ele houvesse ocorrido há alguns momentos atrás. É verdade que isso nos permitiria desfrutar continuamente dos sentimentos felizes gerados na vivência de boas experiências, porém também precisaríamos conviver com a contínua lembrança das dores, angústias, frustrações e traumas que tivemos. Seria tanta dor a administrar que dificilmente conseguiríamos manter o equilíbrio suficiente para nos concentrar nas memórias agradáveis. Além disso, como seria possível estabelecer relacionamentos sendo obrigados a ter em sua mente, a vívida lembrança de cada decepção, traição e dor que tenham lhe causado. Como perdoar e sentir seu coração leve se a lembrança não pode ser atenuada ou até apagada com o tempo? Dificilmente você conseguiria desfrutar uma verdadeira paz em qualquer relacionamento. Porém, nós esquecemos! E desta forma podemos ser felizes ao viver e nos relacionar. Pois mesmo os maiores problemas e traumas podem ser perdoados e, se não esquecidos,  sua memória vai se desvanecendo com o tempo.

E Deus, será que ele se esquece? Para começar, pensemos o seguinte: Se afirmarmos que ele se esquece, significa dizer que há uma informação ou experiência que se tornou inacessível para a mente do Todo Poderoso, algo no mínimo contraditório. Pois como aquele que detêm o poder de criar todo o universo apenas com  suas palavras é incapaz de acessar uma informação contida em sua mente. Além disso, afirmar que Deus esquece implicaria em colocar o criador do tempo sujeito, ou limitado, por sua criação. Tal como ele mesmo se apresenta ao apóstolo João: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim.“(Ap 22:13), Deus não é limitado pelo tempo. Portanto, Deus não apenas experimenta o presente, mas diante dele está o passado, o presente e o futuro em conjunto. Por essas razões, afirmar que Deus esquece vai de encontro a sua própria natureza e poder.

Pois bem, se Deus não esquece, como explicar sua declaração em: “Sou eu, eu mesmo, aquele que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não se lembra mais de seus pecados.” (Isaías 43:25). Para entender, é preciso lembrar o que significa esquecer. Esquecer, de forma direta, seria não ter acesso a uma memória. Contudo, se mesmo tendo acesso a tal memória, fôssemos capazes de agir como se tal informação não existisse, efetivamente seria como se houvéssemos esquecido. E com o efeito do tempo, tal memória , mesmo não nos afetando ainda, vai sendo esquecida até não ser mais lembrada. Entretanto, para um ser que é Todo Poderoso e não limitado pelo tempo, não há como esquecer. O ontem é hoje, e o amanhã é agora. Então, para Deus, esquecer significa ainda ter acesso a informação mas agir como se ela não existisse.  Mas do que ter acesso a informação, as experiências que Deus tem são continuamente vívidas, mas mesmo assim ele não as leva em consideração ao perdoar. Você consegue entender o que isso nos mostra a respeito do caráter de Deus?

Quando nós perdoamos, mesmo que ainda doa, com o tempo esqueceremos. Sendo assim, demonstramos o nosso amor ao nos dispor a não mais acessar a memória de uma experiência desagradável, e com a benção do esquecimento, poderemos em fim viver como se o trauma não houvesse ocorrido. Mas Deus, ao se esquecer, ainda tem a experiência nitidamente em sua mente, mas ela não tem qualquer efeito sobre ele, pois o seu amor por quem ele perdoa sobrepuja qualquer frustração e decepção que possa sofrer por ainda lembrar.

Esse reconhecimento leva a experiência de Jesus, ao deixar o trono do céu repleto de amor e felicidade e descer a um mundo cheio de egoísmo e dor, a outro nível de sacrifício. Pois como um Deus não pode se esquecer de fato, apenas de efeito. Cada dor e sofrimento vivido por Cristo nesta terra estará continuamente marcado em sua memória, mas não afetará o seu amor por cada ser vivo que salvou. Esse, com certeza, é um Deus com quem vale a pena se relacionar. Ele pode saber tudo o que você fez, como se tivesse praticado ontem, mas te ama como se nunca você houvesse errado. Isso é o que significa Deus esquecer!

Deus lembra, mas esquece, porque te ama!

 

Quem é o Eu Sou? 5- Um Deus que se interessa.

Para você, Deus se interessa ou não por nós? Uma resposta que tem alcançado muitos adeptos supõe que não. O Deísmo, é uma visão de mundo que até aceita a existência de um ser todo poderoso e/ou criador do universo, mas que a partir do momento que criou tudo o que existe, pelo menos em sua forma primária, deixou que seguisse suas próprias leis e não mais interfere em sua criação. Portanto, qualquer tentativa de estabelecer uma comunicação com esse ser superior seria inócua e irrelevante. A pergunta que deveríamos fazer deve ser então: Seria o Deus apresentado pelo cristianismo esse tipo de ser? Será que o “Eu sou” se encaixa com esse perfil? Está Deus longe e desinteressado por nós ou deseja ele se comunicar conosco? Vejamos o que diz o livro de Hebreus:

Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas,
mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo.” Hb 1:1,2

O escritor bíblico destaca duas informações fundamentais, a primeira é que Deus deseja e busca se relacionar conosco. Relacionamento este que se fundamenta na revelação de si mesmo, inicialmente através de seus profetas e em seguida através de seu próprio filho, que é a imagem dele mesmo, na medida que Jesus é um membro da trindade. A segunda parte do texto destaca que o Filho, que veio revelar o Pai, é coautor de todo o universo. Portanto, dissociar o amor e doçura de Jesus do criador de tudo é uma negação direta da verdade bíblica. Para exprimir ainda de maneira mais clara o interesse do Pai e criador por nós a Bíblia apresenta:

“Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: “Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito.Isaías 57:15

Em apenas um versículo duas características de Deus se harmonizam perfeitamente. Ao mesmo tempo que é tão poderoso, que possui o universo inteiro em suas mãos, ele manifesta um profundo e particular interesse por cada ser vivo de maneira a se preocupar com cada alma sedenta de sua presença.  Desta forma, a questão agora não é se esse Ser está ou não disposto a ter um relacionamento conosco, mas se nós seremos capazes de descer do alto e sublime trono que construímos para habitar junto de Deus. Será que quando assumimos o deísmo como visão de mundo isto não é apenas a manifestação de nosso desejo de que Deus não estivesse interessado em nós somente para que não precisássemos ter que escolher entre aceitar ou não o seu convite de amizade? Me desculpe te dizer, mas Deus, Jesus e o Espírito Santo já fizeram tudo o que podiam para melhorar esse relacionamento, isso não podemos negar, a decisão agora é nossa. Deus não é um criador que nos criou e deixou-nos a viver em um mundo tão problemático e dolorido como esse. Tal ser seria um sádico, que mesmo conhecendo o sofrimento de todos e tendo o poder de fazer algo ainda escolhe se omitir.

É, eu sei, começar um relacionamento novo é muito difícil. Mas eu gostaria de lembrar você que aquele que o está convidando conhece cada detalhe de sua vida, ele conhece seu mais sombrios defeitos, contudo, ainda quer estar ao seu lado, ainda quer ser seu amigo, melhor, quer cuidar de você, literalmente te amar. Portanto, será o relacionamento mais franco e transparente que poderia ter. Você não precisa fingir ser o que não é. Mas é só deixar se transformar segundo a imagem e semelhança de seu novo companheiro. Não há o que temer. A mão dele está estendida a você, estenda a sua.

Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!” Lucas 12:7

 

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 1- Deus espera que você use a Razão

Segundo a Bíblia, os seres humanos se diferenciam de toda a criação especialmente por uma característica: foram criados a imagem e semelhança de Deus (Gn. 1:26). Portanto, se considerarmos que a capacidade de julgar, avaliar e pesar evidências, ou seja o uso da razão, é nossa principal habilidade distintiva, poderíamos compreender que Aquele que nos criou segundo Sua imagem também é um ser cujo uso da razão é essencial em sua natureza.

Considerando que o cerne de toda experiência religiosa é estabelecer uma relação com o transcendental, e sendo que nós e Deus somos distinguidos pelo uso da razão, a próxima pergunta natural a fazermos é: Como seres racionais se relacionam? A resposta a essa questão pode ser iluminada pelo livro do profeta Isaías: “‘Venham, vamos refletir juntos’, diz o Senhor” Is 1:18. Deus nos convida a pensar junto com Ele! Portanto, esse texto simples, mas revelador, descreve o desejo de Deus de construir uma relação com a humanidade fundamentada no uso da razão e no exercício da reflexão. Dessa forma, ao nos comunicarmos com Deus de forma alguma ele deseja que deixemos de lado o uso da razão, mas deseja que a usemos.

Uma outra evidência a favor da necessidade do uso da razão em nossa comunicação com Deus está na forma como ele resolveu se manifestar a nós. Segundo a compreensão tradicional, Deus se revela de duas formas principais; a primeira é conhecida como revelação Geral. Segundo essa visão Deus manifesta suas características através da sua natureza, através de suas leis e princípios “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis;” Rm 1:20. Porém, para que possamos distinguir corretamente os traços do caráter de Deus em sua natureza é fundamental o exercício da razão. Somente através de uma reflexão sobre sua obra poderemos ser capazes de entender melhor alguns traços do Criador. Além disso, há outra forma que Deus se revelou a humanidade. A Bíblia, a revelação especial, descreve com maior precisão os atributos de Deus e sua forma de interagir com o homem. Contudo, para alcançarmos essa revelação é necessário que façamos também uma reflexão e estudo de seu conteúdo. Sendo assim, as duas maneiras de Deus se apresentar conosco e conquistar o nosso interesse se fundamentam no uso da razão.

Um outro aspecto fundamental no uso da razão em nossa comunhão com Deus é que dessa maneira Deus respeita nossa individualidade e garante a liberdade dos seres inteligentes. Deus não força nossa resposta a sua manifestação mas espera que façamos a escolha de permitir uma relação inteligente com Ele. Esse respeito e consideração por nós é expresso em: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.” Ap 3:20. Essa consideração do Criador demonstra que nossas dúvidas e questionamentos sempre serão bem vindos. Deus estará sempre disposto a nos explicar e indicar o caminho, mas nunca nos forçará a segui-lo.

Ao considerarmos as implicações desta visão poderíamos entender que qualquer experiência religiosa que não esteja fundamentada no uso da razão ou que a suprima não permitirá a plena interação entre seres inteligentes e Deus. Dessa forma, todas as manifestações religiosas com o Deus da Bíblia devem ser construídas com vista a promover o uso da reflexão e razão.

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .