Um Ser sobrenatural não pode vir do natural

Uma vez, ao chegar a comida em um almoço com professores e colegas do grupo de pesquisa no mestrado, me posicionei para orar silenciosamente, foi quando alguém da mesa começou a fazer piadas zombando da atitude, naquele momento eu sorri e levei na esportiva. Entretanto, comportamentos como esses revelam o quanto a fé, ou a religião, é muitas vezes descrita como uma fraqueza. Algo que é nada mais que um resquício de um tempo primitivo da humanidade. Uma tentativa covarde de enfrentar a vida ao precisar de um amigo imaginário para se apoiar. E para dar suporte a esse posicionamento, utilizamos um argumento “crono-cognitivo” onde descrevemos a visão a respeito de um Deus como resultado de um pensamento primitivo construído no início da história humana reflexo do pouco desenvolvimento humano.

Em primeira perspectiva, até que o raciocínio anterior possui alguma validade. Entretanto, ao olharmos com mais cuidado percebemos que não há nada de simples em construir um conceito de divindade e aplicá-lo na explicação de fenômenos naturais, muito menos é simplório o pensamento de que essa divindade teria qualquer interesse em nós. E para ver isso, basta imaginar que a ideia de divindade foge completamente ao escopo da realidade imediata de qualquer ser humano. Dizendo de outra forma: Como a ideia de uma divindade, um criador e ainda que se interessa por nós poderia emergir de uma realidade puramente material e naturalista como era a dos povos primitivos?

A concepção de um ser superior é totalmente diferente de qualquer realidade experimentada pelo ser humano, especialmente um Deus como o descrito pela Bíblia, onisciente, onipotente, onipresente e ainda triúno. Seria como os índios do Brasil, na época do descobrimento, conceberem um deus que tivesse a forma e as propriedades de uma inteligência artificial. É uma construção que está além da imaginação de qualquer povo. Nem a ideia de Deus poderia ser concebida puramente a partir da natureza, por povos antigos. Não há como inventar Deus! A mera concepção de Deus é algo de extrema complexidade cujas propriedades estão além da mente humana.

Se Deus não é uma ideia concebível por seres primitivos por ser complexa demais, então deve ser anterior e independente do homem. Sendo isso verdade, não podemos tratar a fé e a religião como ecos de um tempo primitivo ou de pensamentos rudimentares. Antes, a experiência religiosa é uma verdade presente e necessária que a natureza humana clama por experimentar. Assim com o vencedor do prêmio nobel e um dos fundadores da moderna mecânica quântica observou, a verdade religiosa é algo que não podemos negar e muito menos zombar.

Publicado por

Rafael Christ Lopes

Cristão, professor de Física com doutorado em cosmologia, leitor de filosofia, teologia, filosofia e história da ciência, e agora iniciando na neurociência. Alguém que entende o cristianismo como a Verdade Absoluta que permite compreender e lidar com todas as questões importantes que nos cercam.

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